Diário de bordo - em busca do tesouro perdido.

 As minhas mãos tremiam , meus pé já todo cheio de espinhos, mas eu queria chegar até o alto, não importava quantas vezes eu teria que cair e começar tudo de novo.

Quando eu era pequena, eu tinha uma mania bastante estranha para as meninas da minha idade, eu era fascinada em subir num coqueiro, ele ficava num campo perto da minha casa.

Nos finais de semana, eu estava sempre lá, me inundava de coragem e tentava subir até o topo, parecia bobagem para a maioria dos garotos, mas para mim, era a minha grande aventura, subir em árvores e lá de cima, lia livros, era como se eu mergulhasse neles enquanto eu lia, nada tinha mais importância, era estar no alto e a minha imaginação estava protegida dos demais.

Quando crianças a coragem, a ousadia e tudo que vem com a infância nos trás boas lembranças e nos tocam a alma, é o nosso jeito de nos encontrar.

Piaget nos ensina que nós construímos nosso próprio conhecimento e que evoluímos gradualmente, passamos por etapas e quando nos damos conta, nos tornamos adultos capazes.

Percebemos o nosso crescimento através das nossas memórias desde as mais antigas para as mais recentes, e "bum" descobrimos que estamos prontos para outras aventuras.

A vida parece sempre uma surpresa, tentamos resolver problemas que se acumulam e nos tornamos adultos "resolvedores"de problemas, enquanto a nossa criança interior fica escondida em nossas memórias, esperando a primeira oportunidade de fugir.

Estamos sempre nos escondendo de nós mesmos?

Quando escondemos a criança dentro de nós estamos perdendo a oportunidade de aprender com ela a resolver nossos problemas de maneira criativa, porque quando somos crianças os problemas se resolvem de forma mais suave, porque quando crianças usamos a nossa imaginação e criatividade para nos guiarmos sem grandes traumas, sem aquela pressão de que devemos ser mais rígidos com a gente mesmo.

Exigimos de nós mesmos uma resolução imediata, uma pressão interna incalculável e nós adoecemos nossa mente porque somos eternos devedores de nós mesmos.

Não digo que seja ruim essa rotina, faz parte da vida essa luta constante e superação de todos os problemas surgidos, mas às vezes é preciso nos conectarmos com a nossa criança interior e buscarmos a nossa essência, para vivermos de maneira mais suave, a nossa criança não vai nos tornarmos irresponsáveis e nem impulsivos diante da vida, mas nos tornam mais leves, mais sorridentes.

Façamos um exercício rápido.

Busquemos em nossa mente a nossa memória mais antiga.

Lembremos das nossas emoções, dos nossos sentimentos de quando éramos crianças.

O que nos deixávamos felizes?

E agora o que nos deixam felizes?

Há uma grande diferença não é mesmo?

Procuremos fazer algo que nos lembre essas mesmas emoções e sentimentos em nossas atitudes diárias e alcançaremos uma parte de quem queremos nos tornar.

Nem sempre os nossos dias são como queremos , mas parte de nós já sabemos disso, então, porque tanta pressão interna?

Nós exigimos tanto de nós mesmos, e começamos fazendo isso de maneira automática, como se fossemos ligados e programados e no final do dia , "bum" senão foi alcançado a lista de auto-exigência ficamos e frustrados, e deixamos a criança interna morrer.

Todas as crianças do mundo procuram aventuras e alegrias, elas possuem fé, elas criam um universo de possibilidades, elas encontram limites mas são criativas em resolver cada um deles, elas se frustram, elas se irritam, mas elas continuam caminhando, as crianças têm o poder de se transformarem em seres alegres por poucas coisas, ou seja, qualquer coisa as fazem vibrar e criam, recriam e mudam tudo ao redor delas através da esperança, então, por que abandonar essas crianças dentro de nós, se elas são perfeitamente capazes de realizar feitos incríveis?

Sejamos quem somos mas com uma pitada de infantilidade, temos a eternidade para nos aprimorarmos e temos certeza de que vamos subir bem alto, ir até o topo para apreciar a paisagem e nos vermos felizes e capazes de nos tornarem que queremos ser.

Vamos combinar uma coisa?

Vamos viajar em busca do tesouro perdido, mas esse tesouro foi criado por nós durante a nossa infância, eu vou fazer o meu mapa, vocês criarão também um mapa.

O mapa será um desenho, que nos guiam para esse tesouro, que tesouro seria esse?

O seu maior desejo, a sua meta, o mapa traçado será os passos que te levam até ele.

Desenhe um mapa, na próxima postagem eu mostrarei o meu mapa... nos encontramos em breve.

É preciso se despedir!!!

 

Estamos de coração partido, as despedidas nos fazem tristes e infelizes.

Mas a despedida pode ser libertadora.

Quando o mundo parece partido e as estrelas ferozes caem do céu, como bombardeiros , o mundo inteiro chora.

Aprendi que as nossas palavras são apenas pequenos detalhes de nós mesmos.

E que os pensamentos são as conexões uns com os outros.

As nossas esperanças são como as cores do mundo, que colorem, enfeitam e nos curam, portanto, as despedidas são ciclos que passam como as fases da lua, elas acontecem sem a nossa vontade e permanecem nos movimentando.

Me despeço dessa parte de mim, onde um pedaço estava desligado de todo o resto.

As lágrimas desceram  sem eu querer, sem que eu realmente quisesse me despedir.

Eu também aprendi que tudo passa, e é por isso que espero o melhor, mesmo que esse melhor seja mutilado de mim, então, eu aceitei, eu entendi que um bem maior é uma missão difícil.

Quando algo que faz o nosso coração bater mais forte e nas nossas veias se manterem firmes para o que vier, isso faz  com que os sentimentos mais nobres se fortaleçam, e abrir mão da vaidade, do egoísmo que se esconde dentro de nós é a parte mais importante .

Eu precisei me despedir , dizer não, quando eu queria dizer sim, mas eu acredito que algum lugar entre as estrelas, a gente só consegue se encontrar iluminados, então... eu aceitei a missão, de deixar partir para encontrar depois.

Quando os bombardeiros pararem , talvez haja  mais estrelas no céu.

E entre elas, nós estaremos lá... brilhantes e prontos para guiarem os que vivem no escuro.

É preciso se despedir , deixar para um outro momento o encontro, o recomeço ou mesmo para um novo fim.

É preciso abraçar o destino e as canções que vêm com ele.

É preciso se despedir das velhas lembranças para encontrar outras novas.

É preciso se despedir para acolher e florescer e sobretudo amar.

Quem ama se despede do que viveu para reviver depois.

As velhas conexões sempre voltam, então tenhamos fé para esperar o reencontro .

Nas múltiplas vidas, nunca haverá despedidas permanentes, mas um até logo!!!

Quando nos faltam as memórias... ser presente e estar presente!!!

 

Hoje está um dia chuvoso, acordei meio preguiçosa, mas disposta a caminhar .

Sempre gostei de escrever as minhas memórias, pequenas histórias que eu teimo em guardar para mim mesma, coisas de menina e seus diários secretos.

A gente descobre ao longo da vida que as memórias têm um lugar especial dentro do cérebro, e que aos poucos vão deixando lugar para as memórias mais recentes e com o tempo elas vão se apagando quando já não tem muito espaço, eu ainda acredito que elas podem vir em sonhos enquanto dormimos, mas essa é só uma teoria minha .

As nossas memórias estão  nos lembrando de quem somos, que quem éramos e nos mostram timidamente quem podemos ser, mas essa também é uma outra história, quase uma ficção.

Buscamos  nos lembrar de coisas que nos fazem felizes porque as lembranças tristes nos trazem sensações dolorosas e quando isso não acontece pode ser um sinal glorioso de superação e evolução, 

As nossas lembranças nos cercam de sentimentos, emoções e esperamos que sejam sempre boas mas nem sempre isso acontece, é que as nossas memórias amam isso, porque elas são guardadas justamente porque causam sentimentos e sensações fortes dentro de nós, elas nos servem para nos guiar, para nos fazerem repensar sobre nós mesmos.

Quando perdemos a memória, não estamos deixando de ser quem somos, mas deixamos apenas de nos lembrar de coisas que nos fazem movimentar, e isso parece assustador, e é.

É bom lembrar, ficar buscando dentro de nós as sensações de calor humano, os momentos que nos marcaram intimamente, seja por qual motivo for, as nossas memórias nos constroem e não podemos negar o quanto isso é importante para todos nós.

Eu gosto de usar palavras simples, para que todos possam entender , porque acredito que a simplicidade carrega consigo as virtudes da humildade e do respeito, não que eu seja uma pessoa carregada de boas virtudes, mas é que eu desejo ser assim.

O mundo está tão cheio de memórias tristes, as guerras, epidemias, e tantas animosidades que me faltam palavras para expressar, o mundo é cheio de imperfeições, porque somos humanos imperfeitos tentando evoluir, de maneira bem lenta mas gradual.

Quando vejo uma guerra, eu não vejo a verdade como algo absoluto, porque está claro a desumanidade e acima de tudo, não há ganhadores em nenhuma guerra, é só um acréscimo de crueldade e dor, afinal, os perdedores serão sempre nós, os que não têm armas para lutar, as pessoas que só possuem a boa vontade de oração ou o ato voluntário de ajudar nas trincheiras que a guerra nos impõe. 

Enfim, a guerra é sempre um atestado de que nós precisamos viver em paz, de cuidarmos uns dos outros como seres humanos e não como inimigos.

Eu não quero ter na minha memórias imagens dolorosas e sofridas das inúmeras guerras das quais o mundo enfrenta, mas é inevitável, porque só temos paz quando deixamos de brigar, e pensar no outro com ódio e vingança.

A PAZ QUE EU TENHO, É A PAZ QUE EU OFEREÇO.

Então, se eu não estou em paz, o que eu posso oferecer senão o que eu tenho dentro de mim?

Eu desejo boas memórias a todos nós, eu desejo o melhor em cada um, e o que podemos oferecer é o melhor, porque doar o que não é bom para todos nós.

As nossas memórias são presentes materiais, mas um grande presente estar as boas memórias de alguém, é bom habitar o coração de quem amamos, estar em paz, é pertencer a esse lugar em especial.

Não é preciso dizer o tempo todo... "Eu te amo" para quem amamos, e nem é preciso estar  na vida dessa pessoa , porque as vezes nem é possível essa presença constante, embora isso seja bom e generoso, mas estar em suas boas memórias, faz uma grande diferença.

Eu espero poder escrever todos os dias , estar presente nas memórias de quem lê , e de quem se sente bem ao ler as minhas publicações, quando percebo que está complicado me lembrar de coisas importantes , eu penso: Eu não quero esquecer de quem eu sou para ninguém , porque estar presente na vida de alguém é algo muito significativo.

Divina, a senhora dos olhos arregalados.

O sol nasce ali no horizonte.

Dorme ali alguém, na vala, ao relento.

Deitada,às vezes perambulando por ali procurando latas.

Não é uma bela jovem insana, mas uma bela senhora.

Cercada de cachorros e um filho aleijado, se deita cansada por não dormir direito.

Nas mãos carrega alguns bordados, alguns panos de prato.

Às vezes suas palavras são grosseiras, mas compreendo as suas amarguras.

Sinto-me pobre diante dela, uma pobre menina que olha atentamente para a frente.

Nem sempre o meu olhar cruza com os dela.

Ela tem os olhos arregalados, bem vivos.

Mas eu a olho , tem um olhar perdido quando fala da sua história triste.

Está muito ocupada falando em frente a padaria, cercada de homens torrões.

Mas ela está sempre sorrindo buscando assunto, e falando das suas aventuras.

Adora café e não se cansa de comentar sobre a vida que atravessa seus olhos.

Seu riso me agrada ouvir, ela gosta de tomar café e comer pão de queijo.

Um gosto comum ao meu.

E somos duas usando vestido longo olhando as plantas que nos acompanham no caminho para a minha casa.

Na minha casa, ela é sempre bem vinda.

Memórias antigas - As razões de Horus.

As minhas mãos tocam levemente seu rosto.

Tento me abrigar no seu olhar.

As cordas de uma harpa embalam uma canção suave mas melancólica.

As minhas dores não me levam a lugar algum,senão à minha reflexão.

Me cubro de esperança, e me envolvo com uma luz que acalma tudo em mim.

Agora diante de ti, eu me reconheço.

As cortinas do salão são vermelhas como sangue.

Uma leve brisa entra através das janelas fazendo as cortinas dançarem.

Da janela posso ver o jardim, flores amarelas e vermelhas combinam com o céu ao entardecer.

O Nilo, as suas águas calmas , me fazem lembrar velhas canções.

O som da brisa se iguala as canções que tocam unicamente para nós dois.

É um belo entardecer.

As suas palavras me soam como canto, mas não era canto comum, eram apenas canções curtas e que me fizeram dormir por muitas noites.

Teu rosto me faz deixar meus pensamentos mais infantis.

Suas mãos tocaram meus cabelos e eu me sentei no seu colo, sempre fora um pai amável e gentil.

Minha amada e eterna mãe chega, me olha atentamente, como um anjo de belos cabelos  negros.

Sempre que me vejo em chamas, uma luz intensa de amor me envolve, são vocês me acalentando.

Velhas lembranças, sentimentos que vibram e me deixa leve e livre.

São seus olhos, suas mãos que me guiam em meio o mar revolto.

São dois anjos .

Não têm asas e nem cabelos dourados como o sol, são anjos negros, iluminados e divinos.

Que diante das diversidades que me encontro me chamam de filha!!!

Nem todas as canções criadas são capazes de traduzir esse amor.

Meus olhos os vêem  nas estrelas e nos registros akáshicos, minhas razões de Horus.

Todas as minhas vidas, todas as minhas histórias e todas as vozes em mim que se silenciam.

Nada é capaz de apagar as minhas melhores lembranças... a presença de vocês em mim.

O que me torna quem sou, que me faz vibrar e que me encanta a cada lição.

São vocês que me trazem inspiração, que me aliviam a dor e que me faz transbordar de luz o que um dia já foi escuridão.