Diário de uma mãe de adolescente

A maternidade é um grande exercício de paciência, talvez estejam  na maternidade as nossas maiores lições. quando os filhos crescem , também crescem as frustrações, esperamos que eles se desenvolvam e conseguem viver sozinhos algumas experiências que nós pais não podemos controlar, estão crescidos as suas histórias já não são as mesmas, as nossas exigências mudam, com o tempo muda tudo ... o que antes era uma preocupação, hoje já é um hábito, são novas histórias, outros conflitos e nessa busca constante de quem é o culpado, advinham... as mães sempre serão as culpadas, as mães sempre serão as bruxas, as fadas e as várias personagens de drama, nunca voltaremos a ser aquela mãe que dá um beijinho na ferida e pega no colo, seremos a verdadeira armadeira na parede.

Viver o terror de sermos sempre os vilões, passou a fase do heroísmo, e qualquer problema, o seu nome é o primeiro a ser mencionado, a vida continua, as rotinas mudam e você de enfermeira, vira a freira assassina, não haverá tempo que vá te cobrar mais do que o agora.

Quando você é carcereira, você é bruxa, quando você é mais liberal, você também é bruxa, ou seja, você deixou de ser fada faz tempo e agora, os conflitos se tornam uma guerra, uma vida cheia de altos em baixos, as perguntas, os traumas estão cada vez mais constantes, a sua base mudou, você fica sem saída e não encontramos nem uma coisa que a segure para dar uma respirada e continuar.

E quando você deixa de fazer coisas que faziam antes, quando seus filhos se tornam mais independentes, você acredita que o pior já passou, mentira, o pior é agora, é quando os traumas virão grande cenas trágicas, quando a imagem do pai te engole e você não consegue mais controlar seu próprio coração.

Existem dramas que nunca terminam, as suas histórias já não educam e nem aqueles desenhos animados já não vale mais a pena assistir trinta mil vezes, é tempo de rever o manual e reler a parte que você não entendeu.

A maternidade não é só um exercício de paciência, é um exercício de fé, cada história de mãe , é um história diferente com o mesmo efeito, a culpa é sempre é da mãe.

Não existe psicólogo que te ausente da culpa, o psicólogo vai te culpar, e o pior, todo o universo vai conspirar para isso porque você já aceitou isso e quando aceitamos a culpa deixamos de nos defender e passar a ser o nosso próprio carcereiro, não há volta, a vida de mãe é assim...

Ouvimos palavras que não definem a nossa angústia, palavras que sempre irão nos ferir e que tentamos nos convencer do contrário.

Eu nunca escondi que sou humano de meus filhos, eles sabem que eu choro, sabem que costumo rir de piadas antigas e que vou me apavorar quando não sei a resposta. Não existe outra saída para a maternidade quando os filhos crescem, a gente precisa crescer com eles e esquecer da fase do penico, da galinha pintadinha, da Xuxa só para baixinhos, Papati Patata, acabou, essa fase já era...não adianta reviver isso, essa fase é só uma lembrança antiga que você adora lembrar, então...

Não há retorno, os filhos não voltam para a sua barriga ,quando você cai em si, e percebe que não dá conta de tudo, você já não tem o corpo de sempre e nem aquela música para dormir vai fazer o mesmo efeito.

Vão reclamar da sua distração, da sua cabeça esquecida e até da sua falta de vontade, do seu cansaço e de quebra vão reclamar que você não consegue mais ensinar a lição e dependendo do contexto até vão dizer o dia em que você deixou de ensinar a lição, aí você se desespera achando que você é uma péssima mãe, acredite, a gente sempre se sente péssima , não todos os dias, mas a maioria dos dias.

Quando você perceber que o tempo correu e você não foi rápida para alcançar , minha querida, o chão irá sair do lugar, você vai dar aquela parada cardíaca e vai sofrer um ataque, o ataque da realidade.

Que realidade!!!

A realidade do socorro Nossa Senhora, tem dias que você vai achar que a sua oração está errada, que as suas lágrimas são insuficiente para desabafar, sim, não estou sendo otimista né... mas agora vem a parte boa.

A parte em que você acha alguma coisa para você fazer, deixar os seus filhos se resolverem , a crescerem sem você, eles precisam saber que você também precisa respirar por si só, eles precisam aprender a se virarem sem você, a procurarem as próprias respostas ao invés de estarem sempre esperando que você faça tudo.

Chegou a fase de parar de se culpar, pare de se culpar pela terceira guerra mundial, pelo menos tente sentir menos culpa, eu sei que sempre estaremos nos sentindo culpadas, mas nem tudo é a nossa culpa.

Como é difícil ser mãe, como é difícil crescer com os filhos e perceber que eles vão te amar e te odiar várias vezes no dia, você vai chorar, você vai rir, você vai tentar de tudo para não pirar, mas você irá pirar, tantas vezes que vai se acostumar com a rotina de ser a mãe distraída, a mãe estranha, ou a mãe pegajosa e a que sempre tem elogios para o filho, sim... a gente custa a descobrir os defeitos dos filhos e quando descobrimos e tentamos ajudá-los a perceber, você é a pior mãe do mundo que até uma mãe drogada é melhor que você, e olha que a mãe drogada é difícil de aceitar.

Mas você vai continuar sendo a mãe, a mãe que gosta de abraços, que gosta de beijar e tirar fotos com os filhos e terá que aceitar que não querem tirar mais fotos, nem com você e nem com ninguém, viram filhos com capas de invisibilidade... você vai dar espaço e deixá-los no quarto, para sentirem a liberdade de serem eles, daqui uns dias irão dizer : Você me abandonou!!!

Como isso vai doer, e a dor não se cura com um remédio qualquer, na verdade nem sei se existe cura para isso.

A maternidade sempre irá te cobrar a perfeição, e você não é perfeita, acredite... 

A maternidade te coloca a prova o tempo todo, todos irão te criticar por você ser quem você é, não importa quantas coisas boas você faça, a pior coisa sempre vai ser vista, não existe coisas boas, existem só as que você deixou de fazer.

Mas eu quero ser otimista, quero acreditar que essa fase passe e me convenço que não sou uma péssima mãe, cada vez que nós colocamos diante do espelho, estamos tentando nos acertar e sermos sinceras, mas as palavras dos filhos sempre serão palavras que nos levam para o céu ou para o inferno, e nem sempre o céu irá ser o lugar onde você vai viver em paz, porque ser mãe, não é padecer no paraíso.

 

UM POEMA PARA DOIS ANJOS.

Os olhos não se cruzaram, nem os lábios se tocaram.

 Mas as almas se tocaram suavemente. 

Eram duas almas e se tornaram uma só.

 Mas as almas nunca se viram. Estavam em lugares distantes.

 São anjos um do outro que se abrigam. 

São almas que não se cruzaram e nem puderam sentir o calor de ambos os corpos.

 As duas almas se completam e se amam.

 Mas é um amor impossível

. Um amor que existem em livros e em memórias.

 Mas que o destino fez questão de esquecer. 

Entre palavras não ditas e palavras mal ditas, se perderam.

 Se tornaram estranhos, se tornaram ainda mais distantes

. E os anjos já não voavam e o que era para ser real, se tornou mais um livro de histórias

. Mas o amor está em algum lugar, em algum desses corações machucados

. Agora o sol que brilhava radiante se perdeu entre outras estrelas

. E a lua que se vangloriava em inspirar, calou-se diante da distância.

 Os dois astros, não se encontravam mais. O sol deixou a lua de lado.

 A lua sem poder se despedir, banhou-se no mar que apagou seu brilho

. Essas duas almas não se falavam mais e a dor da lua a fez procurar uma outra estrela para se abrigar. Perdidos , buscaram outros caminhos mas seguiram os mesmos sonhos.

 Essas almas se amam tanto que para não se machucarem, não usaram palavras, nem sons.

 Silenciaram-se

. Não se perde o amor, e nem o transformam em dor... é apenas mais um espaço vazio no peito. 

As duas almas às vezes se encontram em sonhos, em pensamentos.

 Mas o tempo caprichoso e as vezes cruel, os deixaram mergulhar em mares profundos, se procuram no vazio. O sol por estar mais distante, se envaidece enquanto a lua se recolhe na sua sombria escuridão.

 Enquanto as duas almas , anjos um do outro se escondem de si mesmas, há outros astros que os ajudam a esquecer tamanho vazio.

 E assim enquanto não se encontram, o amor perdura em um lado do coração.

 Não se sabe quando será o encontro dessas duas almas. 

Mas se está escrito nas estrelas e mapeado no Universo.

 Esse encontro irá acontecer. E no dia em que essas duas almas tão generosas e afins se encontrarem.

 O amor ainda que hoje distante será infinitamente vivido.

 Então , os dois corpos então separados se tornarão um só.

 As duas almas destinadas a se amarem , mesmo diante de mundos tão diferentes. 

Serão sempre anjos um do outro.

Ser mãe não é padecer no paraíso!!!

Frase feita... "Ser mãe é padecer no paraíso" mentira que as pessoas contam. Nunca foi verdadeira, o sofrimento não é para ser romantizado... sofrer é sim um ato de aprendizado, mas ficar feliz com o sofrimento, meus queridos, só depois que tudo passar... O SOFRIMENTO nunca foi fácil e um motivo de alegria, porque sofrer não é assim, o sofrer é um momento de nossas vidas em que aprendemos a lidar com as nossas falhas, as falhas dos outros, de aprendermos tragicamente, só se é reconhecido como benéfico depois que comemos o pão que o diabo amassou, enquanto estamos sofremos nos revoltamos e xingamos Deus e o mundo porque pertencemos a classe de seres humanos imperfeitos e todos nós precisamos passar por longos períodos de sofrimento para nossa depuração, é inevitável o sofrimento, acredite, é impossível viver por aqui sem sofrer. Ser mãe não é padecer no paraíso, paraíso não é sinônimo de sofrimento, o que tem no paraíso? Ser mãe é buscar-se em filhos o aprendizado perfeito, é sendo mãe que aprendemos o amor, o entender e o não entender, passamos por traumas, causamos os traumas, tudo é motivo para nos ajustarmos... Qual é a mãe que está no paraíso vendo o filho sofrer? Qual é a mãe que não sofre vendo o sofrimento do filho? A resposta para essas perguntas são as que já sabemos... as mães desalmadas, brincadeira... a maioria das mães têm um instinto materno e a coragem que muitos não possuem, assumimos a responsabilidade de sermos muitas mulheres em um único corpo, somos nós mulheres o ventre do mundo e essa responsabilidade não é dada a qualquer pessoa, é dada às pessoas dispostas a amar incondicionalmente e ensinar esse amor, portanto, padecer no paraíso é mais um jeito de falar que sofremos por amor. O amor maternal é inato, é como respirar, não se explica com poucas palavras, tão pouco existem palavras para definí-la com perfeição. Ser mãe é bem mais do que sofrer, é amar sem medidas, porque amor, não é medido, não se vende o que possuímos em nós e para o outro. O sofrimento não é para ser romantizado, não foi feito para exemplificar pessoas perfeitas e belas, sofrimento é a matéria prima de nosso escudo, é o sofrimento que nos moldam e nos educam, mas nunca deve ser visto como algo espetacular, mas um exemplo... quem sofre e vence , é um exemplo de persistência, exemplo de fé, força, resignação, abnegação e de muita coragem. O sofrimento é uma prova diária de resistência, quem vive o sofrimento e sobrevive serve de exemplo para os demais porque nos ensina exatamente os sentimentos que nos fazem elevar o espírito, então assim podemos dizer : O sofrimento é benéfico por isso, não que seja lindo e maravilhoso sofrer mas a sua função em nossas vidas sim. Devemos pensar no propósito do sofrimento e não em como se vive esse processo de sofrimento, porque todo sofrimento nos causam dores, e as dores vão além dos efeitos físicos, as dores são imensas quando não conseguimos nos dar bem com as nossas falhas e não entendemos o propósito. então. continuamos a nos opôr ao nosso sofrimento o que nos causa ainda mais dor, enquanto não paramos para pensa "Deixa eu viver essa fase" nós não caminhamos, nós vamos nos inundármos de dor... SEGREDO da dor: Seja positivo a ela, aperte o botão do "foda-se" e viva o que têm para viver... não foque demais no sofrimento sem olhar ao seu redor, amplie seu olhar e foque no que te causa bem, busque outra saída, busque um motivo para prosseguir, porque ninguém vive eternamente no inferno, na hora que você pedir socorro, o socorro vem , seja de onde ele vier, agarre com todas as suas forças. Ensinemos os nossos filhos a lhe darem melhor com o sofrimento para que a vida possa ser mais leve, a vida tende ao equilíbrio e lhe dar com o sofrimento o prepara para as outras dores que virão, não se foge da dor, a dor não tem endereço, ela existem em nós e para nós, portanto, mudar o foco torna o sofrimento mais leve e a solução aparece sem ansiedade e sem tantas rejeições...

Nasce um filho, nasce uma mãe e nasce uma culpa!!!

O mundo das mães é um mundo a parte, ele se revela tão amplo e enigmático que não precisa de ser esclarecido, é impossível... Na maioria das vezes , nós mães só precisamos de um coma induzido, isto mesmo, um momento de sono profundo, hibernar. Brincadeiras a parte, nós mães não tiramos férias, nossa cabeça nunca descansa, é como um radar permanente, está sempre ligado aos filhos. Nunca se está sozinha no papel de mãe, milhares de mães vão dar dicas, receitas mágicas mas nenhuma vai ser a que melhor compreende o papel. A nossa rotina é tão extensa e cansativa que 24 horas por dia é curta para tantos afazeres, deveríamos viver em outro planeta para desepenharmos melhor a nossa função maternal. Ah, é importante lembrar, nunca, nunca, nunca mesmo você vai ser a melhor mãe do mundo, além das outras mães, outras pessoas te julgarem, você será a sua própria juíza e é difícil conhecer uma mãe sem a culpa... Nasce um filho, nasce uma mãe, nasce uma culpa... sempre vamos ter a culpa. Se você parar para pensar, nenhuma terapia vai te livrar dessa culpa, ela é uma marca que todas as mães recebem no parto ou quando adotam um filho, a culpa é uma tatuagem. Todos os dias as mães esperam fazer tudo certo, eu digo as mães normais, claro que há mães que só tem um certificado, não desempenham esse papel, de resto, todas nós esperamos sempre o melhor e vamos deitar no final do dia refletindo de como foi o dia. Há quem diga que as mães tem super poderes, e temos mesmo, são poderes adquiridos desde cedo, mesmo antes de nos tornarem mães, cada mãe tem um manual interno, esse manual está em uma língua única, cada uma tem a sua, tem algumas referências bibliográficas mas ainda sim, elas são únicas porque cada mãe tem um jeito diferente de ser. A culpa nos carregam por toda a vida, os filhos sempre irão nos cobrar pelos traumas e no final de nossas vidas ou nos tornamos santas ou o próprio diabo pelos filhos, eles sempre vão falar sobre nós e tentar desvendar os nossos segredos, e sempre vamos repetir a frase : "Quando você virar mãe ou pai vai saber como me sinto" , acredite, é pura verdade. No fundo, no fundo, a maternidade sempre nos tornam pessoas melhores porque nossos filhos nos ensinam que não nascemos prontos e aprendemos ensinando e que devemos e somos os exemplos de todos os nossos filhos, vão te imitar em tudo e não há escapatória, o mundo sempre vai olhar para a sua identidade , perguntar se você é mãe e você vai fazer aquela cara de cansada e dizer : _Ser mãe é padecer no paraíso.Uma das grandes mentiras do mundo, nenhum paraíso foi feito para padecer, então se contente, nós vivemos no purgatório e só iremos para o paraíso quando todos os nossos filhos estiverem lá também.

DIÁRIO DE BORDO - Primeiras páginas - M de mãe

Ser mãe não é fácil, não tem manual e nem premiação para a melhor mãe do mundo, o cuidado a ser realizado é bem mais do que aconselhar, e fazer o que qualquer outra mãe faz, o que se deve seguir é sempre o coração. Somos cercados de conselhos de mães, avós, enfermeiras e até mesmo pediatras, professores entre outros que se dedicam para tal trabalho que se resume em educar uma criança até a sua fase adulta. Sempre dizemos e ouvimos, mães sempre serão mães, assim como filhos sempre serão filhos. Existem pequenas regras que nos fazem fazer o papel de mãe sem manual, usar o belo e único sentimento chamado amor. Se perde tempo em procurar razões, cria-se expectativas e principalmente, cria-se culpa, todas mães são as culpadas pela vida, elas são as genitoras, certas ou erradas, nós mães somos apenas mães. Não estamos prontas para nos livrarmos dessas culpas, porque a cada filho gerado, nasce uma mãe, nasce um pai... não existe a possibilidade de alguém nascer simplesmente a partir do vento, de um raio, não se nasce sem um órgão doado, existe sempre o amor divino e alguém que se dispõe a cumprir esse papel amado e odiado por milhares de pessoas. Seja quem for, a maternidade é apenas uma palavra para definir o mundo que existe dentro de nós e não pense que é uma palavra vazia e sem brilho, é a melhor forma de buscar o amor de dentro para fora e vice-versa, o amor se estende em gerações essa é a beleza de ser mãe, ela é dividida e compartilhada a todas nós.