Queridinha

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Diário de uma mãe de adolescente




A maternidade é um grande exercício de paciência, talvez estejam  na maternidade as nossas maiores lições. quando os filhos crescem , também crescem as frustrações, esperamos que eles se desenvolvam e conseguem viver sozinhos algumas experiências que nós pais não podemos controlar, estão crescidos as suas histórias já não são as mesmas, as nossas exigências mudam, com o tempo muda tudo ... o que antes era uma preocupação, hoje já é um hábito, são novas histórias, outros conflitos e nessa busca constante de quem é o culpado, advinham... as mães sempre serão as culpadas, as mães sempre serão as bruxas, as fadas e as várias personagens de drama, nunca voltaremos a ser aquela mãe que dá um beijinho na ferida e pega no colo, seremos a verdadeira armadeira na parede.

Viver o terror de sermos sempre os vilões, passou a fase do heroísmo, e qualquer problema, o seu nome é o primeiro a ser mencionado, a vida continua, as rotinas mudam e você de enfermeira, vira a freira assassina, não haverá tempo que vá te cobrar mais do que o agora.

Quando você é carcereira, você é bruxa, quando você é mais liberal, você também é bruxa, ou seja, você deixou de ser fada faz tempo e agora, os conflitos se tornam uma guerra, uma vida cheia de altos em baixos, as perguntas, os traumas estão cada vez mais constantes, a sua base mudou, você fica sem saída e não encontramos nem uma coisa que a segure para dar uma respirada e continuar.

E quando você deixa de fazer coisas que faziam antes, quando seus filhos se tornam mais independentes, você acredita que o pior já passou, mentira, o pior é agora, é quando os traumas virão grande cenas trágicas, quando a imagem do pai te engole e você não consegue mais controlar seu próprio coração.

Existem dramas que nunca terminam, as suas histórias já não educam e nem aqueles desenhos animados já não vale mais a pena assistir trinta mil vezes, é tempo de rever o manual e reler a parte que você não entendeu.

A maternidade não é só um exercício de paciência, é um exercício de fé, cada história de mãe , é um história diferente com o mesmo efeito, a culpa é sempre é da mãe.

Não existe psicólogo que te ausente da culpa, o psicólogo vai te culpar, e o pior, todo o universo vai conspirar para isso porque você já aceitou isso e quando aceitamos a culpa deixamos de nos defender e passar a ser o nosso próprio carcereiro, não há volta, a vida de mãe é assim...

Ouvimos palavras que não definem a nossa angústia, palavras que sempre irão nos ferir e que tentamos nos convencer do contrário.

Eu nunca escondi que sou humano de meus filhos, eles sabem que eu choro, sabem que costumo rir de piadas antigas e que vou me apavorar quando não sei a resposta. Não existe outra saída para a maternidade quando os filhos crescem, a gente precisa crescer com eles e esquecer da fase do penico, da galinha pintadinha, da Xuxa só para baixinhos, Papati Patata, acabou, essa fase já era...não adianta reviver isso, essa fase é só uma lembrança antiga que você adora lembrar, então...

Não há retorno, os filhos não voltam para a sua barriga ,quando você cai em si, e percebe que não dá conta de tudo, você já não tem o corpo de sempre e nem aquela música para dormir vai fazer o mesmo efeito.

Vão reclamar da sua distração, da sua cabeça esquecida e até da sua falta de vontade, do seu cansaço e de quebra vão reclamar que você não consegue mais ensinar a lição e dependendo do contexto até vão dizer o dia em que você deixou de ensinar a lição, aí você se desespera achando que você é uma péssima mãe, acredite, a gente sempre se sente péssima , não todos os dias, mas a maioria dos dias.

Quando você perceber que o tempo correu e você não foi rápida para alcançar , minha querida, o chão irá sair do lugar, você vai dar aquela parada cardíaca e vai sofrer um ataque, o ataque da realidade.

Que realidade!!!

A realidade do socorro Nossa Senhora, tem dias que você vai achar que a sua oração está errada, que as suas lágrimas são insuficiente para desabafar, sim, não estou sendo otimista né... mas agora vem a parte boa.

A parte em que você acha alguma coisa para você fazer, deixar os seus filhos se resolverem , a crescerem sem você, eles precisam saber que você também precisa respirar por si só, eles precisam aprender a se virarem sem você, a procurarem as próprias respostas ao invés de estarem sempre esperando que você faça tudo.

Chegou a fase de parar de se culpar, pare de se culpar pela terceira guerra mundial, pelo menos tente sentir menos culpa, eu sei que sempre estaremos nos sentindo culpadas, mas nem tudo é a nossa culpa.

Como é difícil ser mãe, como é difícil crescer com os filhos e perceber que eles vão te amar e te odiar várias vezes no dia, você vai chorar, você vai rir, você vai tentar de tudo para não pirar, mas você irá pirar, tantas vezes que vai se acostumar com a rotina de ser a mãe distraída, a mãe estranha, ou a mãe pegajosa e a que sempre tem elogios para o filho, sim... a gente custa a descobrir os defeitos dos filhos e quando descobrimos e tentamos ajudá-los a perceber, você é a pior mãe do mundo que até uma mãe drogada é melhor que você, e olha que a mãe drogada é difícil de aceitar.

Mas você vai continuar sendo a mãe, a mãe que gosta de abraços, que gosta de beijar e tirar fotos com os filhos e terá que aceitar que não querem tirar mais fotos, nem com você e nem com ninguém, viram filhos com capas de invisibilidade... você vai dar espaço e deixá-los no quarto, para sentirem a liberdade de serem eles, daqui uns dias irão dizer : Você me abandonou!!!

Como isso vai doer, e a dor não se cura com um remédio qualquer, na verdade nem sei se existe cura para isso.

A maternidade sempre irá te cobrar a perfeição, e você não é perfeita, acredite... 

A maternidade te coloca a prova o tempo todo, todos irão te criticar por você ser quem você é, não importa quantas coisas boas você faça, a pior coisa sempre vai ser vista, não existe coisas boas, existem só as que você deixou de fazer.

Mas eu quero ser otimista, quero acreditar que essa fase passe e me convenço que não sou uma péssima mãe, cada vez que nós colocamos diante do espelho, estamos tentando nos acertar e sermos sinceras, mas as palavras dos filhos sempre serão palavras que nos levam para o céu ou para o inferno, e nem sempre o céu irá ser o lugar onde você vai viver em paz, porque ser mãe, não é padecer no paraíso.




 

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Seres alados!!

Seres alados!!
Somos alados quando temos boas atitudes.As minhas asas quebram quando minto, perco penas quando fico triste mas nunca perco a fé porque sei que vou voar para a eternidade.