Maternidade , essa palavra cumprida que remete à uma responsabilidade que nem sempre compreendemos, essa mesma palavra nos assustam.
Viver essa palavra é sinal de pertencimento, é como se ela passasse a significar tudo em nossas vidas, é dar lugar às pessoas e nos deixar de lado, mas essa mesma palavra que faz cuidar dos meus próprios pensamentos, atitudes e muitas vezes nos levam a loucura.
Sim, não estou exagerando, a maternidade nos faz perceber coisas que antes nos passavam por despercebidas, é como se a maternidade nos acrescentasse uma antena e passamos a captar o que antes dela não havíamos percebido e que agora tudo passa a fazer sentido.
Mas é uma palavra difícil de vivenciar, porque ela também tem um lado obscuro, passamos a depender de outras pessoas, em particular, de nossos filhos.
Dependemos da reciprocidade dos nossos filhos, ficamos sujeitas a pensamentos obsessivos, passamos a esconder alguns sentimentos que julgamos serem errados, nos sentimos culpadas por erros que nem são nossos, uma ânsia de acertar sempre e um medo de não dar conta da responsabilidade, mas também ficamos corajosas e mais ousadas para proteger nossos filhos, mudamos de nome, seremos sempre a mãe de alguém, tem dias que nem ouvimos o nosso próprio nome, apenas um chamado " mãe", o dia todo, o tempo todo, e por incrível que pareça, gostamos disso.
Não é fácil ser mãe, é exaustivo, o sono é uma constância, mas o dormir, nunca foi tão difícil, tomar banho sossegada, é uma raridade e a casa? Nos preocupamos demais com ela.
O nosso espaço quase não está disponível, mas acredite, com o tempo a gente vai buscando uma rotina diferente, o tempo passa como um foguete e começamos a cuidar de nós mesmas, porque a maturidade também acompanha a maternidade e no fim, cumprimos a nossa missão dignamente e com sucesso, porque ser mãe, é acertar e errar tantas vezes que num piscar de olhos, envelhecemos.
Não estou romantizando a maternidade, não há romance na maternidade, há uma carga emocional gigantesca e um estresse quase diário, e por mais que usamos nosso tempo com terapias para nos acalmar, tem sempre um resquício de cansaço, é sempre assim, o peso de ser mãe, não acaba com o tempo, só nos acostumamos com ele, é como se passasse a fazer parte do nosso corpo.
Mas é preciso repensar na maternidade, é preciso vivenciar a nossa vida sem pensar nesse peso, caminhar com menos culpa, afinal, nossos filhos são seres assim como nós, indivíduos diferentes, inconstantes e imprevisíveis,a nossa mente está cada vez mais acelerada, é preciso respirar, é preciso estarmos prontas para o descanso,porque não é saudável viver com esse estresse constante e viver com a aparência de rainha o tempo todo, de dizer que está tudo bem...
Eu gosto de dizer que somos positivas, que precisamos ter fé e nunca desistir de buscar a calmaria, não apenas porque isso é saudável, mas porque todos nós merecemos.
Vamos pensar que tudo tem seu tempo e seu ritmo, e pararmos para relaxar, de colocarmos os nossos pensamentos ,emoções e sentimentos em ordem para vivenciarmos novas sensações para termos melhores atitudes, estar em estado de atenção o tempo todo nos prendem a pensamentos obscuros e isso não é saudável para ninguém.
Precisamo de um tempo para cuidarmos de nosso próprio ser, de nós mesmas e isso não é egoísmo, nem descaso, é autocuidado e auto-amor, e não afeta só a nós, mas os nossos filhos que vão corresponder a essas energias e tudo ficará em equilíbrio, mas depende de nós mesmas, eles dependem de nós o tempo todo e cuidar de nós, também é cuidar deles.
Não vamos romantizar a maternidade como algo extraordinário, a maternidade é uma fase em que nós nos dispomos a cuidar do outro, é como ser anjo do outro sem poderes mágicos, apenas para zelar pelo outro.
Romantizar a maternidade só nos causam mais estresse e o pior, nos amedrontam, porque estamos sempre com medo de errar, temos complexos de culpas e nunca estaremos satisfeitas com a nossa maternidade e dizer isso, vai parecer monstruosidade.
Maternidade não é um mar de rosas, não é padecer no paraíso, chega dessas crenças limitantes que nos colocam numa condição difícil, é sim, muito bom ser mãe, somos o ventre do mundo, somos deusas encarnadas, mas toda essa fama nos trás responsabilidades e isso é cansativo, não digo que é uma das maravilhas do mundo, mas apesar de tudo, eu gosto de ser mãe, mas antes de ser mãe, eu sou eu e preciso de um tempo para mim, assim como as outras mães do mundo.
Todos nas redes sociais querem ser influencer, querem ser professores e mestres em alguma coisa, é modinha ser bom e ensinar como é ser bom, mas qual é o seu papel nessa história toda?
Como ensinar?
Como ser produtora de conteúdo onde todos aparecem com uma fórmula mágica?
Passamos o tempo todo vendo e lendo coisas sobre isso, como manipular as pessoas, como manifestar seus desejos e como ser o bam bam bam em alguma coisa que parece ser revolucionária?
Não há segredos, há busca e há desespero em todos os lugares, há uma ânsia de aparecer, de ser vistos e serem aclamados, é uma chuva de expectativas, de muitas formas de percepções, nada é um segredo mais, é só diferentes formas para dizer sempre a mesma coisa.
A maternidade não é diferente, somos muitas mães dizendo a mesma coisa, mas cabe a nós, mães, sermos nós mesmas, sem fórmulas mágicas, sem filtros e sem máscaras, apenas nós, buscando um jeito novo de viver a maternidade.
Como ser uma mãe influencer?
Sendo mãe legal ou sendo mãe chata? Sendo a mãe que todos os filhos querem, ser a mãe que aparece todo os dias dando dicas de maternidade, sendo a mãe motivacional?
Não, é sendo você mesma dizendo exatamente o que quer dizer, sem pensar no que o outro quer ouvir, não é sair filmando o seu dia-a-dia mas é viver plenamente o seu dia-a-dia de forma positiva e afirmando a si mesma o quanto é especial e autêntica.
Ser mãe é ser uma eterna influencer para os nossos próprios filhos, é realmente estar disposta a ajudá-los, o resto a gente se ajusta, mas lembre-se do seu tempo, o seu ritmo, é você que é dona dele, seja por qualquer motivo, seja a mãe que você quer ser, seja a mãe que você desejaria a si mesma...
A sua mãe , a sua avó, todas elas nos serviram como mentoras da maternidade, seja grata a elas, elas não só nos deram a vida como compartilharam essa vida conosco, pense que é uma ancestral, pense que as suas palavras causam no outro reações que podem mudar a vida , seja para um lado sombrio , seja para um lado mais iluminado, não há regras a serem seguidas senão escolher o que o seu coração grita e reclama, enfim, ser uma boa mãe não é uma mãe agradável a todos, é ser a mãe que precisa ser em diferentes situações, então, seja feliz... sendo a mãe linda, maravilhosa e brilhante que você já é!!!