Eu queria que as minhas mãos pudesse alcançar as estrelas , como aquelas brincadeiras de crianças de quando a noite parecia mágica e as canções que tocavam na vitrola nos faziam invadir o espaço sideral e aqueles pensamentos fantásticos de crianças nos fazem percorrer lugares em que as nossas memórias escondem sentimentos puros que a nossa vida adulta deixaram para trás envergonhados por sentirem a inocência irradiar a nossa vida, a nossa longa vida.
Quando a minha vida ainda estava coberta de sonhos e fantasias, eu acreditava que o mundo não era tão ruim assim, até que quando eu brincava de boneca na varanda da casa da minha avó que era ao lado da casa das freiras , para onde eu fugia para ouvir o som do piano,ouvia falar das dores do mundo, era quando os moradores de rua batia na porta da casa da minha avó pedindo um prato de comida, foi quando descobri que havia pessoas que não se aqueciam com cobertores nas noites frias, eu fiquei com aquela imagem por muito tempo, fui crescendo entendendo que o amor tem suas formas de existir e me comprometi a fazer algo que fizesse sentido ao mundo, eu queria viajar para os lugares em que as freiras falavam com as palavras tão vivas e dóceis.
O mundo é como um grande lar, as estrelas, o sol e o lua e as cores do céu nos servem de paisagem para nos ensinarem que todos nós podemos ver e sentir igualmente a beleza de existir e experimentar as emoções de sermos todos espectadores e contemplar o que nos é dado gratuitamente.
Não nos cabe medir o amor que devemos sentir e nem julgar o outro pelas perdas ou dores sofridas, o amor é sempre um sentimento em que todos acham que vivem sem se darem conta que há muito mais além do que podemos ver com os olhos que muitas vezes se enganam porque a nossa percepção está sempre de acordo com as nossas opiniões pessoais.
Eu queria por um instante tentar entender o papel de cada um dentro de mim, compartilhar e mostrar que a simplicidade é sempre atributo de almas doces e sábias,e que nenhum de nós somos melhores sem que haja amor e empatia, talvez somos os mais egoístas dos seres pelo simples fato de nos sentirmos superiores, é bem provável que a vida nos mostre o quanto nos enganamos sobre nós mesmos e no caminho que vamos percorrer encontremos as tristezas e dores para aprendermos justamente que o amor está em olhar os outros com mais generosidade e compaixão.
Quando os nossos filhos nos admiram passamos a entender que somos parte deles em suas mais notáveis aptidões, porque somos sim exemplos que eles procuram e que nós em nossa pouca habilidade de percebermos a elegância de sermos as almas peregrinas que somos , nos perdemos e nos encontramos quando o tempo nos falta ou nos rouba a alegria.
O último suspiro de vida é sempre a nossa maior lição de amor e reparação, é quando a vida passa diante dos nossos olhos nos cobrando ou nos agradecendo pelos anos vividos que às vezes não procuramos entender ou quando entendemos exigimos do tempo , um tempo maior.
É nesse último suspiro que a calma merece destaque e que a esperança se encontra em sua mais alta intensidade, é o momento desesperador dos culpados e o alívio dos arrependidos e sofredores, trabalhadores da luz deixando o mundo mais forte e as dores da alma encontram um lugar para alcançarmos a pureza do espírito na nossa última hora.
Talvez os nossos sonhos procuram um lugar mais seguro dentro de nossas almas e nós sensitivos e esperançosos os acolhem como crianças brincando com o invisível, o que é apenas aparente, já que tudo toma forma e vida ao pensarmos com a força e energia que merecem.
Diante dos meus olhos está o que me causa afeto, as minhas mãos tentam tocar o céu e me inspiro no que eu consigo ver fechando os olhos para sentir o que me toca o coração, eu vejo com os olhos fechados a minha natureza infantil e tudo que eu possa criar com alegria, posso escrever palavras que não somente me provoca emoções mais raras mas a sabedoria de não querer ser melhor que o outro , eu apenas percorro os olhos no que se mostra belo e claro, não quero saber das coisas feias que me doem , mas quero sentir o que ainda não senti e não apenas viver sem querer alcançar o aprimoramento que busco permanentemente.
A vida é como o cantar dos pássaros livres ,o som da chuva e as águas que percorrem um trajeto formando rios e lagos, a vida nos provoca a sapiência, é como um despertar sem a ilusão que criamos quando nos apegamos as coisas efêmeras.
Não se trata de querer voar sem asas, é voar sem os desastres do coração e as amarguras quando não entendemos o que a vida quer nos ensinar, não é o querer controlar a vida e os acontecimentos, é aprender com eles e não se desesperar com os atropelos.
Quem sabe definir a vida sem as experiências vividas e as dores superadas?
Quem somos nós senão eternos aprendizes e peregrinos percorrendo mundos e sentindo o amor infinito de quem não sabemos definir, apenas o chamamos de criador, de qualquer nome que se possa expressar por ser o que nos coube criar e nos dar a liberdade de sermos quem somos,e que ao aproximar-se Dele nos tornamos \unos e melhores.
Quando me faltarem as memórias e não me lembrar das coisas pequenas que eu preciso entender , vou me apegar as palavras dos livros que eu li, das lições que a minha família me ensinou e dos detalhes dos olhos que eu declarei meu amor, não quero deixar o mundo e ser lembrada nos retratos nos móveis e nas paredes e nas pinturas que os filhos fizeram na infância, quero deixar o mundo com a presença nas memórias de cada um, nos sorrisos e nos abraços, eu não quero me esquecer de quem eu sou e nem me esquecer do preço pago por pensar acima das nuvens volitando para um lugar onde as nossas criações se tornam vivas.
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