Queridinha

sábado, 20 de janeiro de 2024

Diário de bordo - Ruídos



 Depois do episódio da ponte, eu me vi cercada de interrogações internas, meu novo amigo Elfo estava concentrado em suas próprias versões e eu me perguntando sempre aonde eu iria chegar, meu corpo estava cansado e me retirei por alguns minutos.

Subi em uma árvore com um velho livro nas mãos, um velho livro de reflexões, e eu não sabia mais o que fazer a não ser seguir a diante para encontrar o meu tesouro.

Me lembrei da minha infância, minhas escolhas e meu coração por um momento disparou, era como se eu estivesse caindo num precipício , meu olhos já não enxergavam nada a minha frente, meus braços se firmaram na árvore para que eu pudesse sentir mais segura.

Abri o livro e me perdi nas palavras, estas me acalmaram até me sentir novamente como se estivesse envolto de nuvens, era uma sensação completamente oposta vivida em poucos segundos.

Olhei para baixo e vi um pequeno jarro de água, estava ali há muito tempo, a poeira do tempo  e as folhas, aquela  imagem me fez pensar numa cena, talvez um viajante tenha se esquecido daquele jarro, e ninguém mais esteve ali além de mim, o jarro já estava encravado na terra.

Eu me senti tentada a olhar de mais perto, como eu não havia percebido o jarro assim que eu encontrei aquela árvore, a minha cabeça agora mais leve , reflexiva e atenta a paisagem.

Meu amigo Elfo estava preparando o nosso almoço com as ervas e frutas que juntamos ao longo de nossa jornada, e eu presa a minha paisagem, quando ele chegou perto da árvore e me olhou fixamente nos meus olhos e eu por algum encanto desci imediatamente, ele sorriu e começamos a conversar.

Falei com ele sobre o jarro, a paisagem que conseguia deslumbrar vista de cima daquela árvore e ele num tom sereno própria de um Elfo e contou uma história.

Era a história de um homem que vivia perto dali, era um homem solitário e vivia do que cultivava, as vezes ele ia até a aldeia mas próxima para trocar o que tinha por cobertores e pequenos utensílios e voltava para sua cabana sempre em silêncio , um dia encontrou um cachorro abandonado, era provável que ele teria sido abandonado pelo dono pela escassez de comida, porque era um período de recessão, embora era um momento difícil, o homem já idoso vivia em sua tranquilidade, mas o cachorro mudou a vida dele, latia e abanava o rabo, corria pelo campo, fazia muito barulho e as vezes o homem se sentia incomodado, depois de um tempo, o cachorro morreu e o homem ficou extremamente triste, sentia saudades mas viveu o resto de sua vida na sua rotina silenciosa.

A jarra de água deve ter sido deixada por ele, num dos passeios matinais e esquecida, mas aquela história me fez pensar sobre as relações humanas, vivemos solitários com nossos pensamentos e quando surge algo inesperado faz barulho dentro de nós, nos acostumamos com o barulho, e as vezes gostamos da mente barulhenta, mas quando percebemos que precisamos de silêncio e reclusão, voltamos ao equilíbrio mas com um conhecimento do que vem ser o barulho, e nos aprimoramos, reconhecemos o que nos faz bem ou o que nos faz mal, devemos ter conhecimento de tudo para escolhermos o que viver a partir dali.

O barulho interno nos faz querer aquietar nossos pensamentos, nos equilibrar, o barulho pode parecer ruim mas ele é necessário para realinhar nossos pensamentos e sentimentos, o barulho é apenas um instrumento do Universo para nosso aprendizado, é como a música, ela quando harmoniosa , ela nos induz a alegria e uma boa agitação interna, quando ela é desarmonizada, faz tanto barulho que nos desequilibra e precisamos retomar ao silêncio , o silêncio nos faz sentir o frescor da brisa, podemos sentir melhor os pés descalços no chão, o leve tocar da pele no mundo, podemos sentir melhor o abraço, o beijo e até o cantar da nossa respiração.

Precisamos viver para sentir, para perceber que podemos aprender a lidar com os movimentos das energias que pairam as nossas vidas, viver parece difícil pelos ruídos que percebemos, o silêncio não é solidão, é o pensar no que não podemos perceber com os barulhos .

Diante do silêncio estamos mais conectados com os nossos próprios pensamentos, os ruídos nos distraem mas é importante percebermos tudo que vivemos e o que tudo vem a nos ensinar, envelhecer é amadurecer diante da jornada, e não há beleza mais singular do que as rugas que ganhamos com o tempo,a beleza da vivência, das experiências nos tornam sábio, belos sábios.

Meu amigo Elfo e eu resolvemos seguir em frente, vamos para um templo hindu em terras de Ganesha, um momento para ingressarmos em uma nossa aventura, será o que vem pelo caminho , será que iremos construir novas pontes, eu não sei, mas um bom amigo nos ajuda a pensar sobre as coisas que a vida tem a nos ensinar.


sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Permanecer em você.

 


Seus olhos parecem estrelas que brilham.

Cintilam e governam os meus sonhos.

As dores da minha alma, as cores ,e as palavras.

Tudo é tão suave que as notas mais altas reclamam sua presença.

Meus pés tocam a areia, sujam a calçada e as risadas do dia compensam as lembranças ruins.

As coisas que eu disse, as cartas que escrevi,não fazem sentido sem o doce e o amargo de quem  você é para mim.

E diante do céu azul, claro,bondoso e tranquilo.

Eu me deito pensando na sua voz cantando no tom azul do seu espírito iluminado.

Eu poderia fazer mais de mil canções,só para ter certeza que seu sorriso permanece em mim.

As minhas mãos calejadas do trabalho, apenas tocam a sua imagem que guardei dentro de mim.

Presa num tempo quase remoto, eu sempre vou permanecer fiel ao teu abraço.

E sem a mesmice e a intranquilidade do que foi faz tempo.

Eu permaneço na espera de que um dia eu possa sentir o doce permanente beijo suave do vento.

Trazido pela sua beleza delicada e gentil.

Tocar seus cabelos, deixar que o brilho seja parte de nós dois.

E perante a serenidade do existir, me aconchego em  você.

Para sempre em você.

Permanecer em você, é você estar em mim.

E com as palavras controladas, eu desafio a dor, desafio a paz que eu tinha quando te conheci.

Agora quero a paz de volta, mas com você com seu abraço que agiganta meu ser.


Para sempre um amigo!!!



Gosto do amora doce das flores.
Da maneira de como você me olha.
Do sorriso despretensioso.
E das conversas sobre o arco-íris.
E de como contamos estrelas.
Das horas desperdiçadas.
E do jeito sereno com que você me dá aulas sobre o amor.
A sua voz suave me faz lembrar o seu cheiro de rosas.
Do seu andar que corta o silêncio .
Tenho saudades de quando você falava baixinho no meu ouvido esperando meu sorriso moleque.
Das vezes que você me deixou chorando quando falava da minha escrita.
É uma visita inesperada, um jeito devagar de falar.
Sai em oração como se fosse cantar.
É um amigo fiel mas horas difíceis.
É o doce badalar.
Nem as fadas nascidas na brisa e que habitam as flores seriam tão belas quanto seu brilho.
Um brilho tímido, um estado de espírito de eterna paz.
Ah!!! A sua voz, como eu amo ouvir a sua voz.
Aprendi a sentir seu amor.
Aprendi a olhar para os seus olhos e ver que o tempo te fez estar longe de mim.
Mas o tempo... Esse tempo arteiro...
Que me faz implorar pela sua presença.
Sua presença é como um presente esperado nas noites natalinas.
Seus livros, a sua cor e a sua beleza.
Capítulos de uma vida cheia de amor.
Eu quero estar com você.
Trilhando outros mundos.
Me escondendo das dores que o mundo me trás.
Eu me pergunto quando será?
Mas os desejos caprichosos de Deus.
Só me deixa sentir você de longe.
Mas seu coração gigante sempre me espera.
Do jeitinho que tem que ser.
Amoroso, paciente e eterno.


terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Amor em luto!!!


 

Viver o luto.

 É se acostumar com a dor ou fugir dela?

Grandes amores morrem quando estamos vivos.

Revivemos fatos que não aconteceram e daí nasce o remorso.

Remoer dores que nunca se vão?

Ou amar eternamente quem nunca tocou?

Não se sabe quando se termina um luto.

Ele é doloroso demais para terminar.

Mas o tempo perdoa nossa insistência.

Morre quando deixamos morrer.

Escrevemos cartas que nunca serão lidas.

Obscurecemos um amor perdido e recomeçamos quando?

Quando já não damos conta de nós mesmos e das nossas dores.

Nascemos do luto, calados e quase mortos.

Mas nasce dentro de nós a flor da compaixão.

Porque cansamos de chorar o passado.

E vivemos o que temos que viver.

Paralelo ao luto está a vontade da vida.

Andamos por caminhos opostos pensando em quem se foi.

E perdidos encontramos outros caminhos.

O luto, é um eterno pensar em nós.

Porque deixamos de existir para deixar viver .

As dores são nossas, mas que dores são essas que nunca terminam?

Sim, terminam quando deixamos de viver para renascer em outro lugar.

Voltar para quem passou por nós.

Querer que o tempo retorne para pedirmos perdão.

É assim se vive o luto.

Luto não é lutar,mas é como guerrear por nós mesmos.

Porque quem se foi não tem forças para lutar por você.

Se foi, não volta mais.

Amor de luto, é um amor inacabado.

Frio mas vivo.

Existe um vazio enorme no coração.

Disposto a se encher por dentro.

Porque o vazio dói e é quente como o inferno.

O amor quando acaba deixa no tempo a tatuagem do desprezo.

Se despreza o próprio sentimento , isso é a morte de si mesmo.

O luto é assim , um pesar pesado.

Difícil de carregar em si.

Mas renascemos do luto, porque ele também morre com o tempo.

Deixai vir o luto, em essência e em cor.

Preto no branco.

Para colorir depois.

Morre o amor, morre o luto para deixar-se curar.

A cura vem com o tempo.

Como se cura o luto de amor?

Deixando de amar o outro para amar a si.

E assim deixamos o luto para sermos lótus.

Florescermos , frutificarmos e purificarmos.

Assim é o luto, um ato de amor incondicional.

É a procura do sol em nós, é sempre a cura.

Para a dor do coração, da perda e da dor de ter perdido.

É o tempo que dura a eternidade.

Luto é um estado de consciência, das coisas mais sérias do coração.

Quem luta por amor, conhece o luto.

E nenhuma história de amor é tão digna quanto.

Viver o luto de viver um amor que nasce nas estrelas para florescer na Terra.

Morre somente quando não se tem nada a oferecer senão as lágrimas.

E então, o luto é o morrer e o renascer .

Sempre entre nós haverá espaços vazios para deixar entrar quem já se foi.

E que um dia vamos deixar entrar para podermos viver novamente

O amar, puro, novo e eterno.




segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Desabafo!!! O que a guerra trás além de dores?




 Hoje eu lendo alguns noticiários eu me vi chorando, de novo.

O artigo se tratava das crianças vítimas de violência durante a guerra  em Gaza que parece não ter fim, é a eterna crise existencial do ser humano que se arrasta por milênios, daí eu me pergunto quando seremos de fato humanizados se ainda com todas as tecnologias que dispomos ainda estamos vivenciando guerras sangrentas por motivos tão egoístas porque me falta palavras para definir esses atos insanos.

Em nossos lares ainda que desarmoniosos existem ainda laços que nos unem, o amor, o carinho e a responsabilidade de cuidarmos uns dos outros o que nos mantém firmes e educando as nossas futuras gerações, porque essas relações interpessoais nos moldam, nos tornamos mais sábios quando usamos os nossos bons sentimentos para agir com bondade e respeito , embora seja o que acontece em muitos lares, entretanto, outros ainda estão em fase de punições pessoais, quer dizer, a convivência difícil nos leva a resolver problemas coletivos.

A convivência com uma criança nos eleva o espírito quando estamos dispostos a educar um ser ainda em crescimento , mesmo que a vida nos apresente momentos difíceis o que aprendemos vale a pena , é um despertar para as novas possibilidades do existir.

Um dia alguém me ensinou que os problemas só fazem parte da solução, eu passei muito tempo pensando sobre isso e acabei concordando com ele.

Os problemas fazem parte da solução quando os vimos de uma maneira ampla , um olhar mais detalhado podemos perceber o quanto os problemas nos afetam positivamente no nosso crescimento, não se trata apenas de resolve-los quando eles nos apresentam, mas como o resolvemos, como eles nos atingem e como lidar com questões que nos causam certo desconforto, nos aprimoramos quando reconhecemos o quanto ainda precisamos melhorar, essa é uma lição fácil de entender.

A humanidade se desenvolveu criando soluções, e embora aprendemos e nos desenvolvemos ainda estamos longe de sermos uma "humanidade" em seu real significado.

Imaginemos um mundo sem guerras, sem esses atritos territoriais, como lidar com o diferente? Culturas diferentes , governos diferentes, tudo isso faz parte das relações humanos, criar soluções em favor de todos nós.

Não se trata apenas de atritos de nações que diferem em muitos aspectos, se trata de nos respeitarem, de sabermos lidar com problemas humanitários com humanidade.

Quantas pessoas milionárias poderiam ajudar uma nação empobrecida sem dispor de toda a sua fortuna? Será que é tão difícil ajudar essas pessoas a se manterem vivas através do trabalho ? 

O trabalho trás dignidade para milhares de pessoas, não existem trabalhos mais importantes que dos outros se trabalharmos realmente pelo bem de todos nós.

Na guerra não existem apenas destroços de casas, prédios, hospitais, etc, existem destroços morais, existem perdas significativas para ambos os lados, não são apenas perdas físicas, se trata de desconstrução existencial, quantas pessoas nesse exato momento se desmoronam mentalmente, são mortos-vivos que não sabem como irão viver a partir de agora.

Quantos órfãos, quantos pais sem seus filhos? Não existem ganhadores numa guerra, há sempre perdas.

Uma cena chocante de uma guerra que pode mudar o que pensamos a respeito?

O  que muda é a empatia, tudo muda com a vontade mútua de mudar esse cenário, mas infelizmente não somos nós que podemos mudar o rumo dessas guerras, são os governantes desumanos que atingiram o poder de decidir sobre a vida das pessoas, esse problema entre eles, destroem o que existe de mais humano em nós, e há uma coisa a ser pensada, talvez a guerra seja uma ação que gera mudança dentro de nós positivamente no que diz respeito a nossa ideia de quem somos nós e até onde chegamos. Será possível que ao ver as atrocidades de uma guerra nos leve para um bom lugar?

Eu realmente não sei, gostaria que fosse diferente, mas a humanidade não aprendeu com os nossos ancestrais , eu não acredito que vamos evoluir imediatamente.

Uma bomba nuclear  talvez venha mudar alguma coisa, mas será possível? Nem quero pensar nisso!!! Alguém tão insano e cruel ,me falta de adjetivos para definir alguém que pensa nesse ato de destruição maciça... Credo... Vamos mudar de assunto!!!

O que esperamos depois disso é o amor que vem depois da dor, é o quanto é importante o ato do perdão e  ver uma criança sofrendo é ver um futuro sofrido mas forte, bem mais forte, e o nosso papel enquanto seres humanos é cuidar para que as crianças sobreviventes sejam o melhor ato de bondade a nossa própria civilização, se podemos dizer assim.

A infância é a fase mais importante da vida de uma pessoa, é nela que está a impressão de quem realmente somos, é na infância que está toda a esperança, portanto, a educação infantil resgata o melhor que somos, e o que poderia ser, não se trata apenas de termos uma nova geração mais forte e amável, se trata de percebermos que ainda há tempo para mudar.

O que a guerra trás além da dor? 

É uma humanidade cansada e com a fé inabalada de que sempre saímos perdedores mas temos uma segunda chance de mudar tudo isso, e que não há nada mais valioso do que a vida!!!

A guerra trás consigo um diagnóstico de uma doença moral, mas ela trás também de nos alertar até onde somos capazes de ir, nos faz pensar que ainda há tempo de crescermos e de sermos mais humanos apesar de tudo.



Fique sabendo mais!!!!!

Seres alados!!

Seres alados!!
Somos alados quando temos boas atitudes.As minhas asas quebram quando minto, perco penas quando fico triste mas nunca perco a fé porque sei que vou voar para a eternidade.