Queridinha

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Diário de bordo - Crise de pânico.

 


Eu precisava descansar, esquecer as cicatrizes e expandir parte de quem eu sou e na cordilheira de Sócrates eu pude repensar nas minhas atitudes até então, a minha mochila parecia leve mas a força tinha que ser bem maior, os pensamentos se elevavam a medida que eu subia , a minha visão se ampliou, era uma paisagem linda, dali eu via os vales, e as pessoas se apertando em Redes, tudo lá encima é silencioso e eu me sentia tão plena que poderia estar ali por um grande período de tempo.

Eu vi destroços antigos acampamentos, eu vi muita dor enquanto subia, mas eu sabia que tudo aquilo fazia parte da jornada de cada um, e sabia também que precisava admirar o longo caminho.

Quando eu subia lentamente, me machuquei nos destroços ,mas eram machucados leves que com o tempo as cicatrizes seriam imperceptíveis, escrevi cada detalhe numa caderneta com um lápis de carvão, que sempre me amparou quando desenhava as  imagens que via em minha mente acelerada, eu não perco esse hábito, vi alguns esqueletos e acampei por um tempo dentro do que restou de uma pequena casa construída de qualquer jeito.

Comi algumas frutas ainda maduras da minha mochila e alguns pedaços de queijos, pão e água, era tudo que eu tinha, mas eu não sentia fome, eu sentia uma outra coisa.

As palavras de Sócrates validavam o nome da cordilheira, e ali eu poderia viver com a tranquilidade que eu precisava, me apoderando de mim mesma sem questionar aonde eu poderia chegar com essa elevação de espírito, não passei fome e nem sede, parecia que toda a natureza me retribuía com sorriso e vida.

Eu via flores estranhas a medida que eu me elevava, porque onde eu estava, a vida era bem difícil, e ali, eu poderia ficar bem, eu passei a valorizar a minha jornada, eu pude entendê-la em suas várias fases e eu me percebi bem mais do que via antes.

Ainda estou na Cordilheira de Sócrates, ainda estou tentando recolhimento e assim poderei descer com a mesma leveza e com mais sabedoria.

Quando estamos tentando nos encontrar encontramos barreiras, destroços de quem fomos um dia e nos tornamos mais sábios quando a vida está em seu percurso, nada é sobrenatural quando conhecemos a nossa força natural.

Nos encontramos no limite de nossas vidas de muitas maneiras, sobrevivendo as dores físicas e dores da alma e devemos nos alegrar quando nos reconhecemos como seres humanos.

Vejo dentro de mim, uma mudança interior que me motiva a ir além dos meus limites, porque é no limite que nos reconhecemos como verdadeiramente somos.

Quando vivemos entre o sim e o não, estamos sobrevoando os nossos espaços internos, estamos nos explorando e no limite fazemos a inclusão de tudo que sentimos, sem mentiras para nós mesmos.

Eu na minha jornada sofri uma crise de pânico, me vi no limite e senti as sensações da morte e só encontrei a luz no final do túnel quando me vi no limite, quando percebi que eu precisava tomar uma decisão para me elevar e continuar a minha jornada íntima e solitária.

A nossa elevação se dá em nossa auto-descoberta , é quando nos conhecemos de forma honesta e clara, sempre estaremos solitários em nossos pensamentos, mas não tira o significado do outro, o que sacrificamos pelo outro?

Nos sacrificamos pelo outro por amor ou por nosso egoísmo?

Eu já fiz muitos sacrifícios, já deixei de ser quem eu era para agradar o outro, mas nessa jornada , eu preciso me encontrar para não me sacrificar ao ponto de me esvaziar por dentro.

Há sempre sacrifícios quando buscamos realizar coisas que são maiores do que nós, são ações pela coletividade, e quando nos despertamos para isso, tudo vale a pena, inclusive nos deixando de lado por um bem maior, esse é o maior de tudo que já encontramos, porque é preciso haver um equilíbrio, é preciso saber que sacrificar não é sofrer, e nem nos jogarmos para o abismo.

Por isso é preciso saber para onde vamos e a razão pelo qual nos sacrificamos, porque sempre haverá uma consequência para todas as nossas atitudes, o nosso limite nos permite nos conhecer e irmos a diante se nos permitirmos ir além, lembremos, sempre estaremos seguindo a diante, porque o limite nós o construímos, ele não é um lugar fixo, ele apenas existe em nossa mente pronto para mudar, cabe a nós entender o momento e a hora para isso, o o outro nunca será o condutor das nossas escolhas quando a questão é o limite.

Qual é o seu limite?

Será que o seu limite trás consigo o sofrimento, será o limite para o seu sofrimento é a abnegação, a resignação, onde você se encontra no limite, a atitude negligente do outro é o seu limite?

As nossas questões mais íntimas sempre nos trazem resultados importantes e que podem ser ressignificados.

A crise de pânico foi o meu limite e depois disso, eu avancei e me elevei e agora? Eu estou seguindo a minha intuição, descobri por meio de um grande amigo através da psicoterapia que crises de pânico é comum àqueles que sofreram uma violência e que há um gatilho a ser considerado, bem, já passou, e agora é seguir em frente e enfrentar o que vier.

Nós somos seres coletivos, vivemos para prestarmos serviços uns aos outros pelo bem de todos nós, e isso nos tornam mais humanos ,mas há necessidade de cuidarmos de nós mesmos por um tempo, e precisamos estarmos nas Cordilheiras de nosso íntimo para alcançarmos sentimentos mais elevados, mas o caminho pode ser árduo, mas ainda sim vale a pena ver a paisagem.

Independente de tudo que queremos evitar, é preciso enfrentar quem somos nós, buscarmos o nosso limite, nos entendermos e nos cuidarmos para que possamos cuidar uns dos outros.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Diário de bordo - é hora da partida.



 Nas ruínas de um templo antigo, as gotas de orvalho trás as boas lembranças, daquele lugar onde a brisa trazia os bons presságios.

Eu me via cercada de muita luz e eu não queria mais sair dali, mas eu tinha uma missão, encontrar um tesouro da qual eu pudesse me reencontrar dentro dele.

O que eu mais desejava era ampliar todo o meu conhecimento daquilo que foi ocultado por tanto tempo, eu precisava me encontrar para poder encontrar o tesouro.

Quando sai de redes eu me vi cercada de novas informações, mas eu precisava estar um pouco fora, meditar sobre o que eu queria ser, aonde eu queria estar.

Minha casa , eu resolvi deixar para trás e buscar o que realmente eu anseio, sem rodeios e sem desespero, por isso a minha próxima viagem  rumo ao meu destino seria A ilha de Toth, mas eu precisava passar pela Cordilheira de Sócrates, era o caminho longo e eu precisava me apressar.

Com uma mochila pesada mas carregando tudo que eu poderia precisar, estava disposta a sobreviver as grandes tempestades e era preciso controlar a fome e o cansaço,eu precisava apenas da vontade o resto viria como acréscimo.

Quando estamos buscando a nossa essência é preciso nos atentar ao que se passou dentro de nós, percorrermos as nossas sombras para descobrir aonde queremos chegar, e mesmo com todas as informações possíveis , é preciso nos atrevermos a entender que todo conhecimento nos leva a liberdade, é um caminho doloroso, mas nos leva ao lugar onde de fato precisamos estar.


quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Diário de bordo - mudanças

 


Em Redes tudo parece perfeito, mas é preciso enxergar nas entrelinhas,é preciso estar nas ruas para escolher o melhor caminho.

Eu fiquei alguns dias com Edgar, o conhecimento dele me hipnotizou,  procurei absorver tudo que ele havia me ensinado, meditei, e eu me convenci que ali em Redes não era o meu lugar e nem em Tolerância, eu precisava ir além das fronteiras da Floresta Negra.

Voltei para casa convencida de que ali não era o meu lugar, e me programei para sair numa grande aventura, ir em busca do meu tesouro perdido, então , segui os conselhos de Edgar, eu preciso saber mais, olhei atentamente no mapa que tinha em minhas mãos, e eu agora estou decidida, vou até a Ilha de Toth, lá tenho certeza de que tudo será revelado, tenho que ter coragem para chegar aonde eu quero chegar.

Na vida escolhemos aonde queremos ir, e mesmo que tudo pareça confuso a princípio, tudo se resolve no final do ciclo.

É preciso nos apegarmos aos nossos desejos mais íntimos e seguir a nossa intuição, ela nos indica um caminho seguro, talvez sofremos algumas decepções pelo caminho mas nunca devemos desistir de quem somos.

A nossa infância é nossa base, é durante a infância que encontramos as respostas para questões simples e singulares, que deixamos de lado quando nos tornamos adultos, então, os nossos problemas tem o início na infância?

Nem todos os problemas começam na infância, até porque são as nossas atitudes que geram reações futuras, mas basicamente na infância que desenvolvemos as nossas crenças , que se estrutura boa parte de quem somos.

Quando resolvemos mudar de rota, a nossa criança interior nos guia, porque há esperança, há inocência, só amadurecemos quando a criança interior se cura , a nossa defesa está nessa formação primária, ou seja, criança interior ferida, gera um adulto ferido, e curar antigas feridas é estar sempre presente, é buscar nas feridas a força necessária para seguir em frente.

Toth é o deus da sabedoria, é um protetor do conhecimento, é quem buscamos quando acreditamos que o conhecimento liberta, e com o conhecimento vem consigo a responsabilidade de dividir e aprimorar esse conhecimento,

Mudar não é apenas um ato de sair do lugar, é movimento , há medo, mas quando existe fé,qualquer lugar é um bom lugar.


Deixar florescer!!!



 Deixar florescer o que a gente guarda dentro de nós que o mundo nos impediu de cultivar.

Às vezes os nossos corações se cansam de lutar, mas há ainda uma força interna que nos fazem persistir e nos motivam a prosseguir, talvez não alcancemos a nossa meta na velocidade que desejamos, mas não significa que não vá acontecer.

Não se sonha o que não foi feito para realizar, há sempre um tempo para tudo e que a nossa impaciência nos impediu, mas a vida nem sempre é um morango, é difícil entender o que não estamos ainda prontos para entender e a dinâmica da vida não agrada a todo mundo, mas esperar o melhor é nossa opção mais inteligente.

Não deixemos o sonhos morrer pela nossa impaciência e nem vamos nos cansar de lutar, embora desejamos descansar , ainda sim, lutar é um exercício árduo mas nunca em vão.

Enquanto houver força para lutar, vamos caminhar, e mesmo que nos falte alguns detalhes para essa jornada, façamos um esforço, nós sempre alcançamos o que nasceu para ser vivido por nós.

Deixar florescer é impedir que a impaciência faça parte de nossos hábitos, e deixemos que a natureza se encarregue de ações que não podem ser controladas por nós.

Os rios já não são os mesmos desde a sua nascente até o momento em que chega ao mar, ele está sempre crescente, é tão fácil entender isso.

A impaciência é uma forma de sabotarmos as nossas vidas.

É silenciosa e rasteira, a impaciência nunca anda só, então vamos nos atentar aos sinais da impaciência, ela  não nos deixa em paz e nem nos trás a leveza.

Deixar florescer é deixar que o Universo faça o seu trabalho.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Diário de bordo - Primeiro dia de aula



 Essa série de postagens "Diário de bordo" vai ser uma imersão nessa ferramenta que criei para auto-conhecimento e auto-cura, portanto é uma série que nada mais é que a narração do meu dia-a-dia  cheia de metáforas e auto-análise , a história será ambientada numa outra época, ou seja, não é em 2023, nem 1923, não citarei  o ano em que a história será contada, cabe ao leitor descobrir sozinho...

Então, vamos à história.

Acordei numa manhã de primavera, o Sol já estava alto e eu precisava me apressar, eu precisava ir até a cidade de Redes para me encontrar com alguém.

A cidade é o centro urbano mais povoado na Floresta Negra, fica acima da cidade dos Reis e de Tolerância, onde estou morando atualmente . Redes existem todos os tipos de pessoas desde as pessoas mais lindas e gentis às pessoas ruins e egocêntricas, um lugar onde as pessoas não são o que parecem ser e na maioria das vezes, se camuflam e permeiam a loucura, em Redes é preciso muito cuidado para caminhar entre as ruas , que são estreitas e cheias de atalhos, mas nem sempre são seguros, portanto, não é um lugar muito segura, até para mim que sou uma pessoa desconfiada.

A cidade ganhou esse nome porque suas ruas se entrelaçam, como uma teia de aranha, e apesar de ser uma cidade grande, as pessoas que vivem nessa cidade são sempre passageiras e cheias de mistérios.

Cheguei e fui rapidamente  a loja de Edgar Martins, um homem sábio que tem um conhecimento místico, sobretudo, cristais.

Neste tempo de guerra é preciso muito cuidado com as pessoas, e certos conhecimento podem ser considerados perigosos e que beiram a loucura, mas no tempo em que vivemos as pessoas são mais sugestionadas à maledicências e prejudicam as pessoas levando-as a atitudes tristes e deploráveis.

Edgar Martins me olhou fixamente e falou durante horas sobre magia e grande curas energéticas, eu me senti confortável e leve, mas não pude demorar muito, e resolvi mergulhar nesse conhecimento durante alguns dias, então, vou passar mais tempo em Redes, mas de maneira bem tímida e discreta, eu não quero chamar muita atenção, algumas pessoas em Redes são bastantes severas e não gostam de saber sobre magia, é um assunto intrigante mas limitado para algumas pessoas, é preciso manter uma certa distância.

Esse período de estudos com Edgar me fez pensar o quanto é preciso ter disciplina e me atender aos meus próprios sentimentos e me focar no meu objetivo, e ele me disse algo que me fez ficar ainda mais pensativa, sobre um tesouro, esse tesouro se encontra num lugar mágico, onde meu coração se encontra e que esse tesouro é capaz de mudar tudo que existe ao meu redor e ainda, ele vai mudar a vida de muitas pessoas que convivem comigo, e para encontrar esse tesouro eu preciso partir para uma jornada interna, essa jornada vai me levar para lugares aonde vou encontrar com as minhas próprias sombras mas que vai me deixar iluminada até que eu possa encontrar esse tesouro.

Não quero mais ser chamada de estranha ou esquisita , mas algo nessa história me deixa animada para essa jornada, gosto de saber sobre as escola de Mistérios e magia mas nos tempos de agora, é preciso cautela e ninguém precisa saber, certamente seria chamada de bruxa, mas isso não me parece tão ruim, embora exista sempre uma caçada as bruxas.

Às vezes temos medo dessa auto-descoberta porque nem todos os nossos sentimentos e emoções são positivos e quando tiramos esse véu que encobre as nossas imperfeições, ficamos perplexos com o que encontramos mas senão cuidarmos de nós mesmos ficaremos muito tempo tentando resolver questões que só serão resolvidas por nós mesmos, ninguém mais.

Para estarmos bem com a gente mesmo precisamos mergulhar nas nossas próprias sombras e sobrevivermos a elas, só prosperamos quando buscamos dentro de nós algo de melhor, senão estaremos apenas vivendo para ocupar o nosso tempo e o tempo dos outros.


Fique sabendo mais!!!!!

Seres alados!!

Seres alados!!
Somos alados quando temos boas atitudes.As minhas asas quebram quando minto, perco penas quando fico triste mas nunca perco a fé porque sei que vou voar para a eternidade.