Ontem, foi mais um dia em que eu não quero esquecer, destes que eu me recordo para sorrir.
As palavras doces dos filhos, e as vezes um desabafo deles me faz refletir sobre coisas que eu ainda não havia percebido.
Minha filha chegou da escola com a cabeça baixa, esperando o abraço que eu dou todos os dias e na caminhada de volta para ver meus outros filhos conversamos por um tempo, ouvir é coisa de mãe.
Precisamos de muitas vidas para aprender o que em uma vida só eu não conseguimos aprender, e colhendo as flores que plantamos percebemos que todos os maus momentos nos servem de lições.
Quando ensinamos os nossos filhos os primeiros passos queremos garantir que eles não sem machuquem, que as primeiras palavras sejam sempre adoráveis e doces, mas nem sempre são assim.
Filhos possuem uma outra vida, outras histórias e tudo é tão intenso e nós ficamos bem de perto observando o que se passa, passamos boa parte da vida tentando mudar as nossas percepções, entender que há silêncios, que há palavras ambíguas e histórias que os filhos não vão nos contar.
Desde cedo aprendemos que a vida não é fácil e que a felicidade está bem perto do horizonte, e será que existe um esconderijo para os nossos pensamentos intrometidos?
A liberdade de sermos que somos nos garante pensamentos livres mas há pensamentos que são quase insolúveis e me perco filosofando sobre todos os estados da natureza e percebo que nem sempre vou estar ao lado dos meus filhos, e isso parece assustador, e naturalmente é, mas aprendi que as minhas ações são unicamente de minha responsabilidade e eu só preciso entender que apesar de todos possuírem a mesma essência, somos todos aprendizes.
O bom da maternidade é aprendermos que o amor vai além do cuidado, que as minhas orações chegam a eles como um calor mas com um certo frescor quando estiverem perdendo o controle.
Quando deixamos de ouvir nossas crianças estamos deixando de viver momentos de cuidados, momentos de grandes abraços e beijos e recordações, deixamos de aprender com elas.
Todo o nosso tempo nos serve de alento, e dedicamos boa parte do tempo, tentando acertar, e não vai ser todas as vezes que o machucado vai curar, as cicatrizes não são tão simples.
As dores vão chegar e eu não vou poder curá-los da mesma forma que se cura um joelho ralado ou um corte qualquer,eles vão ter que aprender sozinhos algumas lições e só vou poder doar meu coração.
A vida de mãe é curta, é sempre curta, mas as lembranças se estendem ao infinito e há sempre momentos para um beijo, um toque e uma canção de ninar, porque os filhos crescem e a gente também, mas o amor é um lugar bem quente dentro de nós e que não se limita , nem em pensamentos e nem em ações.
Sabemos que o amor tem muitos jeitos de existir, há aqueles que se perderam de nós, que lembramos sem poder estar por perto, tem amores perdidos, amores incompletos , há pessoas de todos os tipos para todos os amores e não perdemos amores, perdemos pessoas, perdemos memórias, perdemos tempo mas não perdemos amores.
Tudo se cura, demora um tempo, mas sempre há um espaço dentro de nós para a renovação e o perdoar, sentimentos são tão voláteis e em todos os anos de nossas vidas vamos trazer dentro de nós lembranças de abraços , de beijos, de palavras e de emoções muitas vezes resguardadas porque o sofrimento sempre vem de uma memória ruim, mas tudo passa.
E o que aprendemos?
Que a vida é linda e surpreendentemente a perfeita sinfonia do amor, uma energia divina que nos nutre e nos envolve com certezas e na dúvida, a gente vive tudo que podemos de muitas maneiras, diria que eu tive muitas vidas, muitas recordações, mas digo que todas as vidas que tive me fizeram ser quem sou dividida em tantos amores, dentre tantas dores e soluços, eu amo cada pedacinho de mim.
O que eu aprendi ontem me faz pensar o quanto podemos aprender apenas ouvindo, sentir o respirar e o silêncio é um presente valioso.