Pai...

 

Se eu pudesse doar quem eu sou.

Deixaria pedacinhos de mim todos os dias em você.

Plantaria as melhores árvores para que elas pudessem te abrigar.

Deixaria a tristeza de lado e cantaria para você mesmo que desafinado e fora do tom.

Faço de mim a sua colheita.

A sua imagem e sua semelhança.

Com a sua herança paciente e tranquila.

Com você aprendi a ler, escrever e a cantarolar canções que eu nem entendia direito.

Aprendi a reconhecer que eu não sou a melhor pessoa do mundo.

Mas também não sou a pior.

Que as minhas escolhas ditam quem em sou.

E mesmo elas não sendo as melhores, eu as reconheço como aprendizagem.

Com você aprendi que o mundo vai além das estrelas.

E que tudo tem um tempo para existir.

Que a pressa é inimiga da perfeição.

Que todo livro, ensina.

Que toca música nos tocam.

E cada etapa da vida é só mais uma.

Que eu vou odiar e amar ao mesmo tempo.

Que as palavras precisam ser caladas quando elas não expressam o que eu realmente sinto.

O silêncio é a nossa melhor resposta, mesmo que eu tenha que fechar a boca.

Que rir e chorar podem dizer muito sobre nós.

E rir de si mesmo é o que temos de melhor.

Você me ensinou a não esperar que as coisas caem do céu.

Que meu caminho é melhor do que o caminho que o outro faz.

Porque isso me torna única e mais inteligente.

Que eu possa doar , amar e festejar a vida.

Que ser eu, é maravilhoso.

O medo pode ser ambíguo.

E que todos nós retornamos ao lugar onde nos construímos e pertencemos.

Que todo amor é possível.

E que as palavras, não dizem tudo, mas que a nossa luz... sempre vai nos guiar ao paraíso.