Queridinha

sábado, 30 de março de 2024

Diário de bordo - O portal e a cabana transitória.




 Carmem não parecia preocupada , ela simplesmente entrou no portal e fui atrás como se isso fosse algo comum, apenas fadas e bruxas abrem portais, e eu estava ali, tonta, enjoada e cheia de perguntas, mas eu precisava confiar na minha intuição e a minha intuição dizia que eu poderia confiar em Carmem.

Carmem olhou para Eros e seus olhares se voltaram para mim, meus pés pareciam flutuar e realmente , eu estava levitando, isso sim não é nada comum, eu sentia meus pés adormecidos, as minhas mãos estavam quentes , me perdi em pensamentos tentando entender a razão de tudo aquilo, e Carmem gentilmente pegou as minhas mãos me puxando para baixo , então, consegui colocar os pés no chão.

Eros sorriu e logo encontramos um outro motivo para nos preocuparmos, o cervo estava ferido, as suas patas estavam sangrando,ele gemia baixinho, seus olhos saltavam de medo, seu corpo tremia, estava assustado e meu coração sentia aquela dor, aquela sensação de desamparo, parecia que eu estava sentindo tudo o que aquele pequeno cervo sentia. Eros tocou levemente uma das patas do cervo e suas mãos ficaram verdes e o cervo acalmou-se, as feridas já não estavam ali, ele havia curado o cervo apenas com um toque.

Novamente Carmem abriu o portal e a mesma sensação ,o mesmo efeito de levitação ocorrera comigo, comecei a achar graça , caminhamos por mais duas horas na floresta, quando avistamos uma cabana, podíamos sentir o cheiro da fumaça e a carne queimando no fogo, nos aproximamos da cabana e uma senhora abriu a porta, ela nos olhou nos aproximando e fechou a porta, não falamos nada, passamos pela cabana sem nos preocuparmos, a senhora parecia não estar contente com a nossa presença.

Quando olhamos para trás a cabana já não estava mais ali, mais algumas perguntas para me ocupar, Carmem fora generosa e comentou que se tratava de uma moradia transitória.

Olhei para Eros com um ar curioso e ele me disse que cabanas transitórias eram comuns naquelas terras, eram construídas para servirem de abrigo para estrangeiros e algumas eram utilizadas pelas curandeiras, mulheres destinadas a servirem por amor e se ocupavam na criação de chás e elixires.

Carmem disse que as curandeiras eram mulheres desconfiadas , muitas delas foram queimadas e chamadas de loucas, então, não se sentiam a vontade para conversas, então as cabanas transitórias eram construídas e raramente se materializavam, só acolhiam pessoas que realmente precisassem de ajuda.

Logo a lua se tornaria brilhante e cheia ,precisávamos armar o acampamento, durante o caminho colhemos ervas e algumas frutas, a sopa já estava quase pronta quando a noite chegou. A fogueira estava acesa e uma conversa amistosa nos faziam rir , Eros tocou a flauta doce e cantávamos músicas antigas , Carmem me ensinou a dançar, sua voz entoava uma canção infantil, era uma canção de fada, era quase uma oração, palavras sobre gratidão e mães que ninam seus filhos e assim que a fogueira apagou o sono e o cansado se apoderaram de nós.

A vida nos apresentam situações diversas, há mudanças significativas em nossas vidas, elas nos fazem perceber o quanto ainda precisamos aprender, nenhum instante é desperdiçado, precisamos confiar em nossa intuição e deixar que a vida siga seu destino, passamos por diferenças fase para que possamos amadurecer, nenhum espaço é ocupado pelo vazio.


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Seres alados!!

Seres alados!!
Somos alados quando temos boas atitudes.As minhas asas quebram quando minto, perco penas quando fico triste mas nunca perco a fé porque sei que vou voar para a eternidade.