Queridinha

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Diário de bordo - O canto da salamandra.



 Estávamos prontos para uma nova fase de nossa viagem , as minhas mãos tocaram suavemente as mãos de meu amigo e nesse momento pude sentir uma energia tão doce quanto os seus olhos, poderíamos conversar durante horas que ainda teríamos o prazer de conversar um com o outro.

Dividíamos as nossas alegrias, dores e sonhos, a nossa amizade me completava e isso me mantinha segura, e ele sempre tinha histórias para contar, estávamos próximos os limites da cidade, íamos para Ganesha,uma terra muito diferente das demais regiões do nosso continente, mas era algo que nos mantinham animados.

As árvores balançavam com o vento que previa uma chuva, a noite caiu rapidamente e pudemos acender uma bela fogueira antes que a chuva chegasse, ríamos das nossas histórias infantis.

A chuva começou mansa e sem muita força, quando entramos na cabana ela se intensificou, podíamos ouvir ruídos estranhos, as árvores pareciam assombradas com a intensidade da chuva.

A chuva durou a noite toda, quando acordamos de um sono leve saímos para ver a dimensão do que foi a noite anterior.

O sol nascera cedo e a sua luz batia nas folhas molhadas de orvalho,os pássaros cantavam e nada havia sido diferente, o rio perto dali enchera com rapidez , ainda estava agitado.

O banho de rio nos aliviava da falta de sono, tomamos um chá quente de alfavaca e gengibre, os pães ainda estavam macios, tudo estava tranquilo e logo pudemos sair para a nossa jornada.

Andamos por quase uma hora, deveríamos subir uma colina, dizem que a terra de Ganesha é repleta de obstáculos, curvas e muitos animais místicos, que precisamos ter cuidado, que as aparências sempre podem nos enganar.

Quando chegamos no alto da colina nos deparamos com pedras enormes, pareciam sido esculpidas por grandes mãos, rimos juntos da teoria de seres gigantes e animais já extintos. colhemos algumas frutas vermelhas e cogumelos, algumas ervas para o jantar.

Mas logo o sossego iria ser quebrado com um ruído vindo das árvores altas aos pés da colina, pássaros voavam desconectados e o ruído aumentava a medida que descemos a colina.

E do meio das árvores apareceu um bando de seres que eu desconhecia até então, pareciam desesperados e apressados, corriam e  desapareceram  assim que nos viram.

Eros sorriu para mim, ele viu a minha cara de espanto e logo se apressou a me informar de que se tratava de salamandras, mas eu não entendia porque estavam tão agitados.

Eros abriu um livro antigo, as folhas amareladas e cheio de folhas secas e marcadores cheirando alecrim, me mostrou alguns cantos e gestos que eu nunca tinha ouvido falar, seus dedos pareciam dançar no ar, e como por um encanto, nos apareceu no meio da fogueira cenas já vividas, eu fiquei paralisada e hipnotizada com todo aquele encanto, e Eros me explicou o que estava acontecendo.

Era um canto antigo, seus pés parecia não tocar no chão, e eu me vi voando e dançando ao redor do fogo, as salamandras nos trazem as paixões, sentimentos fortes e calorosos, e Eros fazia gestos com as mãos e  dizia uma língua antiga, eu não reconhecia as palavras e então, traçou no chão as letras e de repente adormecemos.

Quando acordamos estávamos cercados por cinzas, um cheiro forte de canela. Eros então, me ensinou o canto da salamandra e caminhamos para a floresta .

As folhas secas no chão estavam avermelhadas, e Eros pensativo releu o livro que mais parecia um diário de bordo, escreveu algumas anotações e continuamos nossa jornada, nada disse além : Temos muita sorte!!!


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Seres alados!!

Seres alados!!
Somos alados quando temos boas atitudes.As minhas asas quebram quando minto, perco penas quando fico triste mas nunca perco a fé porque sei que vou voar para a eternidade.