Há poucos meses descobri que meu filho caçula é autista, meu mundo não acabou, eu simplesmente aceitei como uma missão divina, eu percebi que estava sendo egoísta estando em depressão e busquei forças aonde todos nós precisamos, dentro de nós mesmos.
Qualquer definição que damos a Deus, é pequena e insignificante porque estamos tentando definir o indefinível, talvez eu tenha falado bobagem , mas meu coração enche-se de confiança quando me perco nas palavras e nos meus mais loucos pensamentos.
Ser mãe não é padecer no paraíso e nem posso me absorver e me inundar de culpa, me resta viver um dia de cada vez com a fé que eu carrego dentro de mim, passamos por momentos difíceis, não sou a única a se sentir incapaz e também não sou a única a me envolver com a vontade de fazer a situação mudar , não me arrependo do que vivi, confesso, tem cenas que quero apagar da minha memória, mas acredito que cada pedacinho de mim está agora cheio de esperança e fé.
O mundo nos trás grandes histórias, nos faz desenvolver a nossa história com todas as nuances e todas as fases as quais devemos vivenciar, a vida pode parecer confusa, as vezes nos perdemos, mas estamos aqui, tentando e o que vale é a força que adquirimos com a aprendizagem, ninguém é forte sem os esforços , ninguém é forte sem as mazelas que enfrentamos, somos mais fortes do que imaginamos , porque ainda não chegamos ao nosso limite.
Tenho um filho autista e o fato de saber disso me torna ainda mais feliz por estar aqui, assumindo a responsabilidade de ser mãe, de ser educadora e ser a mulher que eu sou e a que eu quero me tornar.
Ter filho autista não é um fardo, é ter em mãos uma vida inteira de amor , de abnegação e respeito.
Ser mãe de um autista é ter a fé de que a vida me escolheu para ser uma mãe boa e generosa e que tudo vai dar certo no final.
Não desconheço a minha missão enquanto mãe e nem me perco nessa responsabilidade , me deixo levar pela ideia de que sou bem mais do que eu imagino ser, ainda desconheço meus limites, desconheço ainda o que minha vontade pode me levar, eu tenho a certeza em mim de que sou uma mãe fiel a minha missão;
Não podemos nunca nos entregar a dor, nem a depressão, eu sei o que é viver tudo isso, mas eu sei que cada passo que dou, cada fase que eu vivo, eu me fortaleço, sei que a minha história é mais uma história das outras milhares, mas somos únicos e comensurar a dor dos outros é um erro humano.
Vamos construir vidas felizes e começamos a construir em nossos lares, é dentro de nossas casas que construímos abrigos emocionais, é em nossas casas que percebemos as lições alegres e amargas e então, vivenciamos na sociedade um pedaço da casa de cada um, é construindo uma casa harmoniosa que reconstruímos a nossa sociedade, seja onde for, começamos sempre dentro de nós e expandimos para que todos nós possamos dividir histórias e aprendermos uns com os outros.
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