Queridinha

domingo, 18 de agosto de 2024

Livro de contos- O caso Andreia

 




Andreia acordou sem vontade, amanheceu com seus olhos inchados, tentava organizar a sua mente mas o que ela pensava estava longe de ser um pensamento comum.

Se levantou da cama com a mesma vontade de antes, de permanecer deitada, como uma múmia, mas ela precisava trabalhar, não poderia fazer nada além disso.

Pensava em como seria o seu dia, olhou diante do espelho e disse a si mesma que tudo iria ser diferente .

Saiu de casa, apertou o passo, ela não poderia perder o ônibus, e quando chegou na esquina de sua casa já não se lembrava se tinha deixado a porta aberta, então voltou para casa, a porta estava fechada.

Andreia tinha 40 anos, sua memória já não era a mesma, e apesar disso ela não se preocupava, ela já tinha a memória fraca, não estava fazendo muita diferença.

Quando chegou no escritório de advocacia onde trabalhava Andreia se lembrou que não tinha preparado a sua marmita, teria que comer no restaurante de novo, aquela situação já estava virando uma rotina, mas Andreia estava tranquila, o jeito era trabalhar sem ter tomado o café da manhã.

Passou a manhã com um barulho na barriga e na hora do almoço comeu no restaurante que ficava em frente o prédio onde trabalhava.

Depois do almoço ,ela ouvia as mesmas histórias de suas colegas de trabalho, ela era uma boa secretária, odiava fofoca, mas ouvia todas elas com muita atenção, fofocas era o que tirava as outras secretárias do estresse ,mas ela mesma não se estressava, atendia as ligações, agendava reuniões e pagava as contas, só isso e no final do dia voltava para casa no mesmo horário de sempre.

Andreia tinha uma vida normal, fazia coisas normais, mas naquele dia anterior, o que Andreia fez não foi muito normal, era como se ela tivesse “dado a louca”.

No dia anterior Andreia tinha saído do trabalho disposta a mudar a sua rotina, entrou no primeiro bar que encontrou e tomou um litro de cachaça, daquelas que arde até a alma, cantou no karaokê como se fosse o seu último dia de vida, e beijou na boca do primeiro homem que ela ousou olhar, voltou para casa de Uber depois da meia noite, deitou na cama com a roupa cheirando cachaça e cigarro e só acordou no outro dia.

Ela passou o dia pensando no que tinha feito no dia anterior, ela tinha gostado de fazer aquilo,, ela só queria esquecer um pouco dos problemas, mas esquecer não era problema para Andreia, se esquecia de tudo mesmo, era uma mulher esquecida, esquecida de si mesma.

Assim que ela chegou em casa ,abriu a porta e deu de cara com a sua realidade, no coração de Andreia havia solidão, não tinha namorado e nem muitos amigos, e ter feito aquilo, foi uma atitude ousada, ela queria mais.

Ligou para a sua mãe e conversaram durante alguns minutos, disse a ela que sentia saudades mas que o trabalho a deixava ocupada demais, e que os estudos tomavam o tempo que lhe restava.

Fez tudo que tinha que fazer, preparou a marmita para o dia seguinte, tomou um banho quente, foi mexer no celular, pensou em convidar uma colega do escritório para sair depois do trabalho, e dormiu, depois disso ,não acordou mais.

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Seres alados!!

Seres alados!!
Somos alados quando temos boas atitudes.As minhas asas quebram quando minto, perco penas quando fico triste mas nunca perco a fé porque sei que vou voar para a eternidade.