Queridinha

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Diário de bordo - O livro do tempo

 


Ao entrar no buraco negro Eros e eu estávamos de mãos dadas, prontos para sair e voltar ao continente, mas ao pular para fora nossas mãos que antes estavam unidas, se separaram e ele ficou , quando o portal se fechou é que percebi que ele não estava mais comigo, eu entrei em estado de choque, meus olhos , meu corpo estremeceu e eu não contive ao choro que dominou todos os dias seguintes.

Caminhei por muito tempo até chegar numa cidade pequena, as carruagens seguiam em grandes corredores, as crianças corriam com suas bolas de panos, os varais com as roupas estendidas coloriam as ruas, o cheiro de bebidas nos embriagavam sem querer, e por um breve momento pensei em voltar para trás e procurar Eros, mas em meu íntimo eu sabia que seria em vão e não valeria o tempo, eu precisaria descansar e pensar em como reencontrá-lo.

As pessoas dessa cidade pareciam apressadas e um relógio numa torre marcava o tempo, todos viviam em razão do tempo, todos estavam sempre olhando para aquele relógio, foi quando eu entendi que eu não estava numa cidade comum, e nem estava vivendo no mundo que eu acreditava viver, foi então que me vi completamente perdida.

Entrei num hotel ,o papel de parede era florido e cheirava jasmim, no teto arabescos de anjos e estrelas,logo na entrada dava para ver o corredor escuro,os quartos com portas brancas, o atendente me olhava com curiosidade e os hóspedes estavam rindo , lendo jornais,sentados num sofá amarelo, era um ambiente interessante mas eu só queria entrar no meu quarto para pensar com mais clareza.

Quando entrei respirei um ar empoeirado, abri as janelas e uma leve brisa entrou, tomei banho e adormeci, quando acordei o relógio da torre marcava meio-dia ,pensei em Eros, onde estaria agora? 

O tempo naquele lugar era enigmático, em alguns segundos o que era intenso e confuso se paralisava, as pessoas pareciam estátuas diante de mim e depois de um tempo começava tudo de novo. O dinheiro que eu havia guardado para a minha jornada estava acabando, eu precisava trabalhar.

Eu precisava trabalhar e me dedicar a reencontrar Eros,os meus pensamentos eram unicamente direcionados a ele. Conhecer onde eu estava era o meu primeiro passo para que eu pudesse encontrar o meu amor Eros.

Comecei a ler os jornais para entender a rotina da cidade e pensar no que iria fazer a partir dali, encontrei uma grande biblioteca onde me afeiçoei ao ambiente agradável e silencioso, ali havia algumas almofadas usadas para a meditação, era um lugar aconchegante e isso ajudava a esquecer o ambiente agitado do lado de fora.

Entre tantas estantes encontrei um livro com quase mil páginas, eu fiquei hipnotizada com ele, quando abri e li as primeiras páginas, as palavras não saiam da minha cabeça e quando percebi já era quase noite, o tempo naquele lugar era incomum a tudo que eu me aventurei em entender, levei o livro para o hotel e então, eu me dediquei ao resto da noite em lê-lo, curiosamente o livro se chama-se TEMPO.



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Seres alados!!

Seres alados!!
Somos alados quando temos boas atitudes.As minhas asas quebram quando minto, perco penas quando fico triste mas nunca perco a fé porque sei que vou voar para a eternidade.